Hoje (3 de março) é o Dia Mundial da Vida Selvagem

Harpia (Harpia harpyja), também conhecida como gavião-real, é a maior ave de rapina do Brasil – Foto: João Linhares/Biofaces

*Por Fábio Paschoal

Hoje é o Dia Mundial da Vida Selvagem (World Wildlife Day). A data foi criada pela ONU em dezembro de 2013 para homenagear o dia da adoção da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Silvestres (CITES): 3 de março de 1973. O grupo desempenha um papel importante na luta contra o tráfico de animais silvestres.

O objetivo é celebrar a fauna e a flora do mundo e chamar a atenção para a importância da conservação e para os perigos enfrentados pelas espécies. Segundo o site da organização, “o Dia Mundial da Vida Selvagem nos lembra da necessidade urgente de intensificar a luta contra os crimes contra a vida selvagem, que têm amplos impactos econômicos, ambientais e sociais.”

Ararajuba (Guarouba guarouba) espécie ameaçada de extinção, segundo a IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês) – Foto: Kennedy Borges-Road/Biofaces

Ararajuba (Guarouba guarouba) espécie ameaçada de extinção segundo a IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês) – Foto: Kennedy Borges-Road/BiofacesA destruição do habitat é a principal ameaça enfrentada pela vida selvagem. Com a derrubada das árvores a harpia e a ararajuba perdem locais para construção de ninhos, o mico-leão-dourado fica aprisionado em ilhas de florestas entre os campos que foram abertos e o lobo-guará corre o risco de ser atropelado ao cruzar uma estrada.

As queimadas liberam gás carbônico (CO2) e contribuem para o efeito estufa. O fenômeno é mais visível nos polos, onde o urso-polar tem menos tempo para caçar focas no gelo marítimo e precisa nadar grandes distâncias em busca de alimento. Mas o aquecimento global também é sentido nos trópicos e nos oceanos por anfíbios e corais que são sensíveis ao aumento na temperatura.

Hoje somos mais de 7 bilhões. A população mundial continua crescendo e as cidades seguem diminuindo cada vez mais o espaço dos animais. A proximidade com os seres humanos traz problemas para grandes predadores, como a onça-pintada que enfrenta a retaliação de fazendeiros que abatem o felino para proteger seus rebanhos.

Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) espécie quase ameaçada, segundo a IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês) – Foto: gustavo pinto/Biofaces

Milhares de pangolins morrem a cada ano para que suas escamas sejam utilizadas na medicina asiática para o tratamento de inúmeras doenças (de câncer à acne). Porém, não existe nenhum estudo científico que comprove as propriedades medicinais da estrutura. Ossos de tigres, cornos de rinocerontes e presas de hipopótamos e elefantes têm o mesmo destino.

O tráfico de animais é outro problema. A cada dez animais retirados da natureza só um sobrevive, segundo a Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (RENCTAS). Há menos araras-azuis na natureza do que em cativeiro e a ararinha-azul já está extinta de seu habitat natural.

Não é apenas num dia que iremos salvar a vida selvagem. Porém, o investimento em recursos renováveis, como energia solar e eólica, e mudanças de atitude: reduzir, reciclar, reutilizar, etc., ajudariam essas espécies que têm direito à vida tanto quanto nós.

*Fabio Paschoal é biólogo, jornalista e guia de ecoturismo. Foi editor e repórter de National Geographic Brasil por 5 anos e hoje é produtor de conteúdo da Biofaces e da GreenBond

Share your thoughts