8 animais ameaçados de extinção que devem se recuperar em 2019
*Por Fábio Paschoal
Pesquisadores de zoológicos e aquários do Programa Global de Conservação da WCS (World Conservation Society) divulgaram uma lista de nove espécies que estão se recuperando em 2019 devido a ações de conservação. Oito são animais ameaçados de extinção e um já esteve próximo a desaparecer, mas retornou e agora é classificado como quase ameaçado. Conheça as espécies:
Onça-pintada
Após 29 de novembro ser declarado o Dia Internacional da Onça-Pintada e o felino ser reconhecido como símbolo da biodiversidade do Brasil, a Panthera onca continua com problemas. A perda de habitat para a agropecuária, caça ilegal, tráfico de animais e conflitos com fazendeiros que querem proteger seus rebanhos, são problemas que ameaçam a espécie. O território da onça-pintada se estendia dos Estados Unidos até a Argentina, mas ela perdeu mais de 50% de sua distribuição original.
Atualmente, o felino é encontrado em 18 países e considerado extinto em El Salvador, no Uruguai e provavelmente nos EUA. Mas, segundo a WCS, as populações de onça-pintada permaneceram estáveis ou cresceram de forma constante em todos os locais onde a Ong trabalha entre 2002 e 2016. A taxa de crescimento média foi de 7,8% ao ano e os felinos mostraram sinais de recuperação no norte de seu território. Os pesquisadores acreditam que é possível que elas possam retornar ao sul dos EUA.
Tigre
Os tigres estão de volta ao Santuário da Vida Selvagem Huai Kha Khaeng (HKK), na Tailândia, graças aos esforços para reduzir a caça ilegal. As patrulhas aumentaram de 19 por mês, em 200, para 144 por mês em 2017. Com isso, a população do felino aumentou de 41 para 66 em aproximadamente 8 anos (crescimento de mais de 60%). Além disso, os tigres que saíram do HKK estão ajudando na recuperação da população em todo o Complexo de Floresta Ocidental da Tailândia, com benefícios que chegam do outro lado da fronteira, na região de Taninthayi, em Mianmar.
Baleia-jubarte
As baleias-jubartes habitam todos os oceanos do mundo e estão distribuídas em diversas populações distintas. Análises da WCS apresentadas na Comissão Internacional da Baleia indicam que as jubartes que ocorrem nas águas costeiras do Gabão e Madagascar podem ter recuperado 70% e 90% de suas populações.
Internacionalmente, a maioria das populações de jubarte aumentou como resultado de um crescimento na proteção da espécie. Além disso, a maioria das populações foram removidas da lista de espécies ameaçadas dos EUA (apenas quatro continuam em perigo).
Araracanga
A caça furtiva e a perda de habitat levaram a aracanga a beira da extinção na Reserva da Biosfera Maia da Guatemala. Restaram somente 250. Com monitoramento da aplicação de leis, conservação com ajuda da comunidade, pesquisa, incubação de ovos, a WCS conseguiu elevar a média de filhotes por ninho para 1,14. A maior marca nos últimos 17 anos.
Sapo-de-kihansi
Há vinte anos, a construção de uma represa hidrelétrica no desfiladeiro de Kihansi, o único lugar no mundo onde o sapo-de-kihansiera era encontrado, mudou dramaticamente o regime hídrico da região. O governo da Tanzânia solicitou ao Zoológico do Bronx que coletasse alguns indivíduos para começar um programa de reprodução em cativeiro, enquanto um sistema artificial era criado para replicar a zona de pulverização das cataratas de Kihansi.
Em 2009 a espécie foi classificada como extinta na natureza pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês) após uma seca dizimar a população. Depois do estabelecimento do novo sistema, o Zoológico do Bronx, da WCS, enviou cerca de 8.000 sapos para a Tanzânia para recolonizar o habitat deixado anteriormente pela espécie.
Maleo
O maleo é uma ave endêmica das ilhas de Sulawesi e Buton, na Indonésia. A colheita de ovos, combinada com a perturbação humana de terrenos de nidificação, causou o abandono de muitas colônias e continua sendo a maior ameaça para a espécie. A destruição e a fragmentação da floresta são outros problemas.
A partir de um programa iniciado no Zoológico do Bronx, da WCS, a população do Parque Nacional Bogani Nani Wartabone, na Indonésia, está se recuperando rapidamente. Manejo de ninhos, utilização de incubadoras semi-naturais e proteção local contribuiu para o aumento de ovos depositados por dia em quatro colônias. Mais de 15.000 filhotes foram liberados na natureza. Além disso, os guardas do parque patrulham a área e cobrem aproximadamente 400 km para melhorar a proteção das áreas de nidificação.
Marabu-grande
O marabu-grande quase foi levado à extinção no Camboja devido à coleta de ovos e filhotes não regulamentada e à destruição da floresta inundada (local primário de nidificação da espécie). Trabalhando com o Ministério do Meio Ambiente do país, a WCS pagou a população local para guardar os ninhos em vez de destruí-los. A população das aves rapidamente aumentou de 30 para mais de 200 pares no país, o que equivale a aproximadamente metade da população global da espécie.
Tartaruga-estrela-birmanesa
Encontrada apenas na zona seca central de Mianmar, a tartaruga-estrela-birmanesa foi dizimada graças à crescente demanda dos mercados da China, que vendem a carne do animal. A WCS iniciou um programa de criação em cativeiro em conjunto com a Turtle Survival Alliance e do governo de Mianmar para combater essa ameaça.
Começando com 175 indivíduos (a maioria confiscada de traficantes de animais), três colônias em santuários da vida silvestre foram estabelecidas para proteger a espécie da extinção. Herpetólogos e veterinários do Zoológico do Bronx, da WCS, ajudaram a projetar os centros de criação e assistência veterinária para cuidar das tartarugas, algumas das quais já foram liberadas em áreas protegidas monitoradas. Hoje, existem cerca de 14.000 animais selvagens e em cativeiro.
Bisão-americano (espécie bônus)
A caça reduziu a população de bisões-americanos de dezenas de milhões aproximadamente 1100 indivíduos deixando a espécie à beira da extinção no início de 1900. A WCS reuniu conservacionistas, políticos e fazendeiros para iniciar novos rebanhos de bisões em nove locais diferentes nos EUA e tirou o animal da lista de animais ameaçados de extinção da IUCN (hoje a espécie está na categoria quase ameaçada).
Hoje, a WCS procura promover a conservação da espécie trabalhando para aumentar o número da espécie na América do Norte, reduzir o conflito entre bisões e gado, e tornar dados científicos disponíveis para o governo.
*Fabio Paschoal é biólogo, jornalista e guia de ecoturismo. Foi editor e repórter de National Geographic Brasil por 5 anos e hoje é produtor de conteúdo da Biofaces e da GreenBond