Bons lugares para fotografar vida selvagem: Parque Nacional do Jaú

Não é só de boas câmeras e dicas de fotos que vive o fotógrafo de vida selvagem. Ele também precisa estar no lugar certo, na hora certa. Pensando nisso, nós listamos os maiores e melhores Parques Nacionais para você se conectar à natureza, encontrar os bichos em vida livre e fazer incríveis registros!

Uma vez por mês abordamos um parque diferente, trazendo opções de todos os cantos do Brasil, para você aproveitar ao máximo a rica biodiversidade brasileira! De acordo com a região onde estão situados, os parques podem te surpreender com animais, vegetações, cores, cheiros e paisagens distintas, o que faz de cada espaço um lugar único.

Uma combinação de natureza diversa, paisagens de tirar o fôlego e atividades para qualquer gosto, o Parque Nacional do Jaú possui um visual sublime que vai te conquistar.

 

Rio Jaú. Foto: Josângela Jesus – ICMBio

 

 

Parque Nacional do Jaú

Abrangendo os municípios de Novo Airão e Barcelos (AM), o Parque Nacional (Parna) do Jaú é localizado há cerca de 200 km da capital do Amazonas, Manaus. Criado em 1980, o Parque conta com uma área estimada em mais de dois milhões de hectares, sendo o segundo maior Parque Nacional do Brasil e uma das maiores áreas do mundo com floresta tropical úmida contínua.

O Parna foi batizado inspirando-se no peixe Jaú, do tupi ya’ú, e no rio de mesmo nome. A bacia hidrográfica do Jaú é, em praticamente toda a sua totalidade, protegida por essa Unidade de Conservação, sendo a única brasileira aplicada em um rio de águas pretas.

 

Não satisfeito, o Parna do Jaú também é reconhecido internacionalmente por sua rica biodiversidade. É considerado Sítio do Patrimônio Mundial Natural e Reservas da Biosfera pela Unesco, e integra o Sítio Ramsar Rio Negro.

 

Características naturais

Abrigando o encontro entre dois grandes rios, o Parna do Jaú é uma das Unidades de Conservação mais representativas da biodiversidade particular de bacias de águas pretas da Amazônia. Com grande variedade de habitats, o Parna do Jaú merece pelo menos duas visitas para se ter uma experiência completa: uma durante época da seca (geralmente entre setembro e fevereiro), onde é possível se encantar pelas praias à beira dos rios, cachoeiras, corredeiras, trilhas e sítios arqueológicos, e outra durante a cheia (normalmente entre março e agosto), ideal para fazer as trilhas aquáticas e desbravar a mata de igapó.

 

Igapó do Parna do Jaú na cheia. Foto: Josângela Jesus – ICMBio

 

 

O clima dessa área é típico das florestas tropicais, úmido e com temperaturas que variam pouco, entre 26 e 27°C. O período mais chuvoso e, consequentemente, menos recomendado para visitas turísticas, costuma ser entre dezembro e abril.

 

Fauna

Agradando o gosto de qualquer admirador da vida selvagem, o Parna do Jaú conta com a típica fauna equatorial, sendo lar de uma inacreditável variedade de animais. Ele abriga a maior variedade de aves da Amazônia Central, sendo fácil avistar garças, araçaris, araras e papagaios e, com alguma sorte, até mesmo a harpia (gavião-real). Além das aves tradicionais da região, o Parna do Jaú é também local de descanso de aves migratórias, como pelicanos, colhereiros e tuiuiús.

 

Arara-canindé (Ara ararauna). Foto: Luciano Bernardes – Biofaces

 

Há alguns anos, a Fundação Vitória Amazônica publicou uma lista com as aves do Parque, e ele está disponível aqui para maiores consultas.

 

Os fãs de mamíferos também têm motivos para fazer sua visita. O Parque é área de ocorrência da onça-pintada, onça-parda, jaguatirica, gato-maracajá, gato-mourisco, tamanduá-bandeira, anta, bicho-preguiça, peixe-boi-da-Amazônia, ariranha e botos. Os primatas também se fazem presentes, como o macaco-de-cheiro, o macaco-da-noite e o bugio-vermelho-das-guianas.

 

Onça-pintada (Panthera onca). Foto: Reginaldo Oliveira – Biofaces

 

A herpetofauna não deixa nada a desejar no quesito diversidade: mais da metade das espécies tradicionais da região se faz presente e, só entre os quelônios, o Parna do Jaú abriga 11 das 18 espécies existentes na Amazônia. Gigantes como a sucuri e o jacaré-açu também podem ser avistados.

 

Irapuca (Podocnemis erythrocephala) e Tracajá (Podocnemis unifilis) no Parna do Jaú. Foto: Fernanda Abra – Biofaces

 

Entre os peixes, cerca de 60% das espécies catalogadas na Bacia do Rio Negro habitam o Parque, sendo que a primeira catalogação de algumas delas ocorreu nessa área.

 

Flora

Para abrigar essa grande variedade de fauna, só com uma flora de mesmo peso. O Parna do Jaú apresenta sete tipos de vegetação amazônica, com aproximadamente 400 espécies de plantas catalogadas. O Parque apresenta algumas árvores notáveis, como o Senhor da Mata. Dentre as raízes de um macucu, uma árvore de grande porte encontrada na mata de igapó, se encontra um diferente personagem que estimula a imaginação dos visitantes e recebe o nome de Senhor da Mata. É importante ter em mente que, para visitá-lo, é preciso estar na época de seca. Durante a cheia o Senhor da Mata costuma ficar submerso.

 

Macucu Senhor da Mata. Foto: Josângela Jesus – ICMBio

 

As macacarecuias são consideradas, por alguns estudos, as árvores mais antigas da Amazônia, tendo indivíduos com mais de 800 anos de idade, e estão presentes às margens das águas do Parque.

Macacarecuias do Rio Carabinani. Foto: Josângela Jesus – ICMBio

 

Outra espécie que se destaca são as gigantescas sumaúmas, com altura de aproximadamente 50 metros e diâmetro de 2 metros. A chamada “Mãe das Árvores” também têm indivíduos centenários, com idade estimada em 600 anos. Os povos indígenas agregam propriedades mágicas à essa árvore, devido à sua copa protetora e propriedades medicinais. Suas raízes enormes, chamadas sapopemas, podem ser utilizadas pelos povos indígenas para se comunicar pois, quando batidas com pedaços de pau, emitem ecos altos que se estendem a grandes distâncias. Existem lendas que dizem que o Curupira usa cascos de tartarugas para bater nas sapopemas das samaúmas e verificar se elas estão fortes o bastante para resistir a tempestades.

 

Sumaúma da Enseada. Foto: Josângela Jesus – ICMBio

 

 

Atrativos turísticos

O Parna do Jaú tem grande potencial para excursões turísticas, tendo trilhas terrestres, que vão desde trilhas curtas de 150m a trekkings de 60km, que demandam 3 pernoites de acampamento em meio à selva. As trilhas permitem o avistamento de diversos animais, o contato íntimo com a flora, banhos em águas calmas e em cachoeiras e, até mesmo, uma viagem no tempo. O Parque conta com sítios arqueológicos com marcas de origens indígenas pré-coloniais.

 

Petróglifos no Rio Jaú na seca. Foto: Josângela Jesus – ICMBio

 

 

As trilhas aquáticas também são um ótimo modo de percorrer grandes áreas do Parque mais facilmente e avistar as espécies nativas que vivem nas águas e em suas margens. 

 

Cachoeira do Itaubal. Foto: Josângela Jesus – ICMBio

 

Para os fãs de aventura, algumas águas revoltas, como as do Rio Carabinani e do Jaú, proporcionam a prática de esportes, como canoagem, rafting e bóia-cross. É possível, também, escalar as árvores com técnicas e equipamentos próprios do rapel, para a observação privilegiada da biodiversidade do parque. É importante ressaltar que o parque não oferece equipamentos para tais atividades, esses serviços são geralmente contratados por empresas especializadas em Manaus.

 

Escalada na sumaúma da base. Foto: Priscila Forone – ICMBio

 

Como chegar e valores

Segundo o ICMBio, não é feita cobrança de taxa de entrada no Parque, mas é necessário preencher um formulário com informações acerca do visitante e da visita para obter autorização de entrada, através de e-mail (parnajau@icmbio.gov.br) ou no escritório do Parque, em horário comercial.

Apesar da permanência no Parna ser permitida 24 horas por dia, a entrada e saída da sua base deve acontecer entre 07h e 20h.

Para chegar ao Parna do Jaú, a rota pode ser aérea, fluvial e/ou terrestre,  partindo de Manaus.

  • Via aérea: Não existe aeroporto nos arredores do Parque, portanto, é feito o fretamento de hidroavião monomotor (1 hora de viagem), bimotor (45 minutos) ou helicóptero (1 hora) em Manaus.
  • Via fluvial: Várias empresas trabalham com essa rota, sendo o trajeto feito por embarcações regionais (entre 14 e 18 horas de viagem) ou voadeiras (5 horas). 
  • Via terrestre: É preciso passar por Novo Airão primeiramente, esse trajeto Manaus-Novo Airão pode ser de carro (cerca de 180 km, com estrada de pista dupla), táxi-lotação (R$65,00 por pessoa, em 2020, pela Associação Jaú Rádio táxi – Telefone: 92-99168-0804 /99428-0595) ou ônibus executivo (R$53,00 por pessoa, em 2020, saindo da Rodoviária de Manaus). Uma vez em Novo Airão, não há transporte regular até o Parna do Jaú, mas é possível contratar serviços turísticos locais que fazem esse trajeto.

 

E aí, deu vontade de conhecer? É uma chance incrível para você se aventurar e ajudar o Biofaces a crescer, ainda temos poucos registros desse lugar maravilhoso.

 

 

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