Animais fantásticos e onde habitam: Bicho Preguiça
Todo mês um post novo trazendo os melhores lugares para observar os animais fantásticos que habitam o Brasil e o mundo. Os escolhidos desse mês foram os famosos bichos preguiças. Faremos deste blog uma homenagem, afinal, em outubro, especificamente hoje, dia 15/10, é o Dia do Bicho Preguiça.
As preguiças são da superordem dos Xenarthra, um dos grupos de mamíferos mais antigos do mundo, sendo estes, originados aqui na América do Sul. Este grupo apresenta algumas características em comum, como: articulações com uma maior quantidade de vértebras, ausência ou poucos dentes, garras nos dedos e entre outras.
Existem, atualmente, cerca de 6 espécies de bicho preguiça no Brasil, que são subdivididas em duas famílias: a Megalonychidae, caracterizada pelas preguiças de dois dedos (gênero Choloepus) e a Bradypodidae, sendo as preguiças de três dedos (gênero Bradypus).
Vamos te contar um pouquinho de cada espécie do país e fica ligado que o blog de hoje é muito especial.
Preguiça-comum (Bradypus variegatus)
Esta é uma das mais conhecidas, a preguiça-comum é uma das espécies com três dedos que são, na verdade, suas três garras. Seu tamanho é de cerca de 58 cm, sua cauda possui 5,8 cm e seu peso é de 4,3 kg.
Seus pelos são longos, grossos e apresentam uma coloração puxada para o marrom com algumas manchas brancas pelo corpo e apresentam pelos marrons na região da garganta.
Apresentam dimorfismo sexual, os machos possuem, na parte dorsal, pelos pretos e curtos agarrados a uma faixa de pelos amarelos ou laranjas.
Habitam florestas tropicais e apresentam hábitos arborícolas, alimentando-se de folhas, brotos de plantas e alguns ramos.
A espécie está amplamente distribuída pela América, ocorrendo em Honduras, Equador, Colômbia, Venezuela, leste dos Andes, Equador, Peru, Bolívia e, obviamente, no Brasil, exceto Amapá e norte do Pará. A espécie já habitou também a Argentina, onde atualmente, ela se encontra extinta. No Brasil, ela também está extinta nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Atualmente, não está ameaçada por conta da sua ampla distribuição, sendo considerada Menos Preocupante pela IUCN. Porém as ameaças existem, principalmente em subpopulações, como por exemplo, as da Colômbia e as habitantes da Mata Atlântica devido às altas taxas de desmatamento, degradação e fragmentação de seu habitat, atropelamento, caça e captura ilegal.
Por ser uma das espécie mais encontradas, existem inúmeros lugares para fotografar essa espécie como por exemplo, em São Paulo em lugares como Jardim Botânico e Parque Ecológico do Tietê, no Espírito Santo, na Reserva Biológica de Sooretama, no Rio de Janeiro, no Parque Nacional da Tijuca e em Belém na Parque Estadual do Utinga, mas claro, em diversos outros locais pelo país.
Preguiça-bentinho (Bradypus tridactylus)
Esta espécie apresenta um tamanho de 50 cm e sua cauda possui de 5 a 8 cm, seu peso varia de 3 a 6 kg e é considerada bastante semelhante à preguiça comum.
A coloração de sua pelagem é um marrom acinzentado. Em sua parte dorsal, há uma variação de cor, podendo ter manchas marrons ou até mesmo manchas amareladas.
Além disso, sua testa e garganta apresentam uma cor mais alaranjada, o que pode servir de diferença entre a preguiça bentinho e a preguiça comum.
Também apresentam dimorfismo, onde o macho apresenta uma linha preta no centro de suas costas com pelos mais curtos em conjunto a manchas laranjas.
Costumam se alimentar no topo das árvores mais altas e assim, comem suas folhas. E claro, também possui hábitos arborícolas. Seu período mais comum de deslocamento é o noturno.
A espécie ocorre na Venezuela, na Guiana, Guiana Francesa, no Suriname e no norte do Brasil, na região da floresta amazônica.
Também se encontra como Menos Preocupante pela IUCN, apesar da perda e fragmentação de seu habitat,, ela se encontra segura, principalmente em áreas protegidas das florestas.
Como ela reside na Amazônia, existem alguns bons lugares para encontrá-la, como por exemplo, na Reserva Ecológica Adolpho Ducke, o MUSA (Museu e Jardim Botânico da Amazônia) ou no Parque Chico Mendes, em Rio Branco no Acre, mas também encontrada em outros locais.
Preguiça-de-coleira-do-Nordeste (Bradypus torquatus) e Preguiça-de-coleira-do-Sudeste (Bradypus crinitus)
As preguiças-de-coleira são uma das maiores espécies do gênero, apresentando cerca de 75 cm e chegando a pesar 6 kg.
Atualmente, são conhecidas duas espécies de preguiça-de-coleira: a do nordeste (B. torquatus) e a mais nova espécie descrita, a preguiça de coleira do sudeste (B. crinitus).
Até então, acreditava-se que eram a mesma espécie, porém pesquisas recentes mostraram diferenças de DNA e de estruturas ósseas entre as duas. E também, em sua distribuição, já que a do nordeste habita a Bahia e Sergipe, enquanto a do sudeste habita o Rio de Janeiro e o Espírito Santo.
Continuando, em suas características, as preguiças de coleira possuem algo que as distingue muito bem das outras espécies, apresentam uma pelagem preta ao redor de seu pescoço, sendo conhecida como juba ou crina, que faz parecer uma coleira, esse traço é encontrado somente em indivíduos adultos. Seus pelos grossos apresentam uma coloração marrom com alguns tons de cinza.
Também com dimorfismo sexual, embora sutil, os machos da espécie apresentam a mancha laranja em seu dorso, mas também, apresentam uma juba mais escura e mais espessa do que as fêmeas.
Com hábitos arborícolas, sua alimentação também é baseada em folhas apresentando uma preferência por folhas jovens. Já seu pico de atividade varia muito dependendo do local.
As preguiças-de-coleira são endêmicas da Mata Atlântica, e visto isso, já se pode imaginar suas ameaças.
Ambas as espécies são consideradas Vulneráveis pela IUCN, devido à fragmentação e perda de seu habitat. Além disso, a caça e atropelamento também afetam muito ambas as espécies.
Bons lugares para fotografar a espécie de preguiça-de-coleira-do-sudeste são em parques no Espírito Santo ou Rio de Janeiro, como por exemplo, a APA do Mestre Álvaro (ES), Estação Ecológica Estadual de Guaxindiba (RJ) e em outros parques também.
Agora a preguiça-de-coleira-do-nordeste, em parques localizados na Bahia e Sergipe, como por exemplo, no Parque Nacional de Monte Pascoal (BA) e no Parque Nacional Serra de Itabaiana (SE).
Preguiça-de-hoffmann (Choloepus hoffmanni)
Agora, as preguiças deste gênero, apresentam somente dois dedos. A preguiça-de-hoffmann possui um corpo que varia entre os 54 a 70 cm, chegando a pesar de 2,7 a 8 kg.
A cor de sua pelagem é marrom claro, seu rosto apresenta uma cor mais rosada e o pelo de sua garganta é mais claro do que o de seu peito. Esta espécie também apresenta hábitos arborícolas e é um animal noturno.
Sua alimentação, em vida livre, é totalmente baseada em matérias vegetais, desde folhas, flores, gemas apicais, brotos até frutos, sendo as folhas jovens e frutos passados os mais procurados.
Ocorre desde a Nicarágua, Venezuela, Guiana, Colômbia, Equador, Peru até a parte oeste do Brasil na região do Acre (Amazônia), mas também ao norte do estado do Mato Grosso.
A espécie se encontra como Menos Preocupante pela IUCN, parecendo não existir grandes ameaças a ela, globalmente. Mas as subpopulações da Colômbia e da América Central parecem estar diminuindo por conta do intenso desmatamento, perda e fragmentação do seu habitat, mas também a caça e venda ilegais ao mercado de atração turística e ao tráfico de silvestres.
Os melhores locais para encontrar essa espécie, é na Costa Rica, como na Reserva Biológica Tirimbina, no Equador, no Parque Nacional Yasuni.
Preguiça-real (Choloepus didactylus)
Sendo considerada a maior espécie da família, o tamanho da preguiça-real varia entre 60 e 80 cm, além disso, apresenta uma cauda vestigial de 1,4 cm e chega a pesar 8,4 kg.
Possui uma coloração marrom acinzentada, apresentando a face clara com os olhos e nariz pretos, assim como seus ombros que possuem tons mais escuros.
Residindo em florestas tropicais, essa espécie, como as outras, apresenta hábitos arborícolas, onde ficam nos dosséis das árvores e são mais ativos durante a noite.
Sua alimentação, em cativeiro, é baseada em folhas, brotos, frutos e pequenos vertebrados também são incluídos na dieta.
Infelizmente, não se conhece muito da sua alimentação em vida livre, porém, segundo a IUCN (2013) já foram observados alguns registros da espécie descendo das árvores para se alimentar de dejetos humanos.
Sua distribuição ocorre desde os Andes, Equador, sul da Colômbia, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Venezuela e no norte do Brasil, na Amazônia.
Também encontra-se como Menos Preocupante pela IUCN, às vezes são caçados, porém não são vendidos com frequência. Ainda bem, né?!
Para fotografar essa espécie basta ir até a Amazônia em Manaus, também na Reserva Ecológica Adolpho Ducke, o MUSA.
Algas e cianobactérias
Além de todas as colorações das preguiças, ainda há uma outra, os tons esverdeados nos pelos desses animais, quando adultos, que se dão por conta da presença de algas e cianobactérias encontradas em seus grossos e longos fios. Auxiliando assim, na camuflagem dos mesmos nas florestas.
Porém, não é só isso, os pelos desses mamíferos conseguem absorver água e possuem as condições ideais para abrigar o mini ecossistema neles, hospedam diversos insetos, aracnídeos e muitos microrganismos.
Porém, a preguiça de coleira (B. torquatus), foi a única espécie brasileira a apresentar o mini ecossistema em sua pelagem.
Texto por: Giovanna Leite
Revisado por: Jéssica Amaral Lara