Os raros cachorros-vinagres são registrados em um dos mais importantes contínuos de Mata Atlântica do Brasil.

Um dos canídeos mais raros do Brasil foi registrado em junho de 2020 por câmeras traps instaladas pela bióloga Beatriz Beisiegel no sudeste Paulist. O registro foi postado no site Biofaces.

Beatriz Beisiegel trabalha com cachorro-vinagre a 23 anos e relata que são animais extremamente difíceis de se ver. Registros fotográficos da espécie só passaram a aumentar a partir do momento que o uso de armadilhas fotográficas começou a ocorrer em larga escala.

Atualmente Beatriz desenvolve um projeto de monitoramento de onças-pintas com armadilhas fotográficas instaladas permanentemente e foi na busca pelas onças que os tão cobiçados cachorros-vinagre foram flagrados.

O registros ocorreu em uma das estações de monitoramento de onças, que é permanente desde 2016. Esse foi o único registro de cachorro-do-mato nesta estação.

Em todos os 23 anos de trabalho Beatriz tem apenas 5 registros da espécie e descreve a felicidade do encontro.

“É sempre muito bom, considerando que são 23 anos de campo e 5 registros de cachorro-vinagre, cada um deles vale os 23 anos de campo.”

O primeiro registro de cachorro vinagre no estado de São Paulo e também primeiro registro da espécie na Mata Atlântica foi feito pela bióloga Beatriz em 2008, depois de dois anos de tentativas de registros por armadilhamentos fotográficos constantes.

Esse registro enfatiza muito a necessidade de proteção desse grande maciço continental na região do Vale do Ribeira.

Cachorro-vinagre (Speothos venaticus)

O cachorro-vinagre, é o menor representante da família Canidae no Brasil. O animal é o que apresenta maiores diferenças entre seus parentes: O cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), graxaim-do-campo (Lycalopex gymnocercus), raposinha-do-campo (Lycalopex vetulus), lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) e cachorro-do-mato-de-orelhas-curtas (Atelocynus microtis).

De porte pequeno, possui as pernas curtas e robustas, orelhas redondas, cauda curta e pode pesar até 7 quilos. A pelagem castanha com tons avermelhados, deu nome a espécie.  

Essas características morfológicas são uma adaptação da espécie para caçar presas em tocas no ambiente florestal em que vive. Sua dieta é composta principalmente por tatus e roedores de pequeno e médio porte.

O cachorro-vinagre pode ser avistado sozinho, mas geralmente vive aos pares ou em pequenos bandos com pouco mais de dez indivíduos.

Cachorro-vinagre. Foto: Terra da Gente 

Ameaças e Conservação

A espécie possui ampla distribuição, embora nunca abundante. Ocorre do Panamá ao Sul do Brasil, no Paraguai, Argentina, Bolívia, Peru e Equador. No Brasil, existem populações desse canídeo em quatro domínios naturais: Amazônia, Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica.

Os cachorros vinagres são animais naturalmente raros em sua região de ocorrência e são altamente sensível a destruição de habitat e doenças transmitidas por cachorros domésticos.

A espécie necessita de grandes áreas florestais para sobreviver e a perda de vegetação, ocasionando declínios nas espécies de suas presas, contribuem para o seu desaparecimento.

É classificado pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) como uma espécie vulnerável e pelo IBAMA como ameaçada por extinção. Em São Paulo é considerado criticamente ameaçados de extinção

Nós, do Biofaces, parabenizamos o registro e agradecemos por compartilhar essa experiência incrível conosco.