Conheça os pais do mundo animal
A capacidade de se reproduzir é um fator determinante para o sucesso de uma espécie. Não é atoa que existe no mundo animal tantas formas e estratégias reprodutivas e de cuidados com a prole . Hoje, comemoramos o Dia dos Pais, uma data em que reconhecemos a importância da paternidade no desenvolvimento dos filhotes. Diferentes espécies exibem variadas formas de cuidado parental. Por exemplo, em algumas espécies os machos abandonam suas proles; em outros, os pais auxiliam no desenvolvimento do filhote; e em alguns casos, os mais empenhados dedicam suas vidas à seus descendentes. Você conhece algum animal que é um verdadeiro paizão desse jeito? Vem comigo ler este texto, pois os diferentes tipos de pais do mundo animal vão te surpreender!
Exemplos de pais do mundo animal: A paternidade em diferentes espécies
Um tipo muito comum de paternidade é aquele famoso “pai ausente”, onde o macho apenas se encontra com a fêmea para fertiliza-la e depois, some no mundo buscando outras fêmeas ou cuidando da sua própria vida. No reino animal, temos diversos exemplos que seguem este estilo, como os escorpiões, as tartarugas e os tubarões.
Fêmea de escorpião-preto-da-amazônia, carregando seus filhotes no dorso. Foto: Patricia Navarro.
Agora, levando em conta a paternidade mais ativa (por assim dizer) , podemos simbolicamente (uma vez que as categorias usadas não correspondem à realidade evolutiva) separar os pais presentes em três grandes tipos, informalmente chamados de: os “ajudadores”, os “comprometidos” e os “empenhados”. Vamos entender como cada um desses pais do mundo animal se comportam:
Os pais “ajudadores”
Os “ajudadores” são aqueles pais do mundo animal que vivem em comunidade, e apesar do cuidado parental ser primordialmente da mãe, eles acabam ajudando aqui e ali com seus filhos.
Esse tipo de cuidado geralmente se restringe apenas aos filhos biológicos do pai em questão, havendo casos, por exemplo, em que os machos matam filhotes que são de outros machos para garantir melhor desenvolvimento de sua prole. Exemplos de “ajudadores” são os leões, os chimpanzés e os lobos.
Bando de leões, evidenciando as fêmeas e os filhotes. Foto: Jair Moreira.
Os leões e os chimpanzés machos costumam ter comportamentos violentos por serem extremamente territorialistas. Lideram o bando com atenção e buscam manter as fêmeas sempre fecundadas, cuidando para que seus genes sejam passados adiante.
Nesses casos, quando um novo macho assume o posto de líder, é comum que o mesmo mate todos os filhotes do grupo que não são seus filhos biológicos. Esse comportamento é classificado como canibal, e (por mais assustador que pareça) contribui para garantir que as fêmeas entrem novamente no cio, ficando disponíveis para acasalar e serem fecundadas, gerando uma nova prole .
Um leão macho e seu filhote. Foto: Jorge Llovet de Gomis.
Os pais “comprometidos”
Os pais “comprometidos” são aqueles que dividem cerca de 50% do cuidado com a prole com as fêmeas. Nesses casos, os machos tendem a ser mais flexíveis aos filhotes que não carregam seu material genético. Possuem papel fundamental no ensino e desenvolvimento da prole, cuidando da sua segurança e alimentação.
De acordo com artigo publicado na revista PNAS, as aves em geral são ótimos pais “comprometidos”. Alguns exemplos que podemos citar são as araras, pinguins , beija-flores e quero-quero.
Que os pinguins são excelentes no quesito paternidade, nós já sabemos, mas, que tal conhecer mais sobre essas aves super interessantes? Acesse o blog Animais Fantásticos e Onde Habitam: Pinguim-Imperador e confira muito mais sobre a espécie.
No ambiente aquático, também temos um clássico exemplo de pai comprometido: os adoráveis peixes-palhaço (sim, o próprio Marlin de Procurando Nemo!).
Os peixes-palhaço possuem uma estratégia reprodutiva muito elaborada, onde usam anêmonas e outros animais urticantes para proteger os filhotes. A espécie desenvolveu resistência às estruturas urticantes das anêmonas, tornando possível habitar esses ambientes e consistindo em uma tática extremamente eficiente.
Peixes-palhaço coabitando uma anêmona. Foto: Gustavo Figueirôa.
Nesse tipo de paternidade o pai está presente em todas as fases de desenvolvimento de sua prole, os protegendo de ameaças e os alimentando junto à mãe. Em proteção aos filhotes, desenvolvem alguns comportamentos considerados agressivos , como é o caso do quero-quero (Vanellus chilensis), que escondem seus filhotes e partem para cima de qualquer um que representa uma ameaça a estes.
Um quero-quero e alguns filhotes. Foto: Anderson Caetano.
Essa estratégia também pode ser observada em algumas espécies de mamíferos, como os Suricatos. Esses pequenos mamíferos, altamente sociáveis, vivem em regiões inóspitas e se reproduzem de forma cooperativa. Quando o macho alfa e a fêmea alfa têm filhotes, os outros membros subordinados do grupo ajudam a cuidar de toda a prole.
Suricatos em atenção. Foto: Leonardo Merçon / Instituto Últimos Refúgios.
Os pais “empenhados”
Por fim, mas não menos importante, temos os pais do mundo animal que podem ser classificados como “empenhados”. Esses pais são daqueles que assumem todo o cuidado parental para eles mesmos, sendo responsáveis por chocar os ovos ou mesmo gestar.
Entre os peixes, há espécies que chocam os ovos dentro de seus estômagos, desenvolvendo uma bolsa incubadora para gestar os peixinhos.
Os cavalos-marinhos são um exemplo clássico de pais que gestam. Nesses casos, a fêmea transfere os ovos fertilizados para o macho, que os abriga em sua bolsa incubadora até que estejam prontos para nascer. No momento do “parto”, o macho libera os filhotes na água.
Já viu um cavalo-marinho dando a luz aos filhotes? Clique neste link e assista ao vídeo da National Geographic Portugal e confira essa cena espetacular da natureza.
Uma característica bastante chamativa para esse tipo de pai é que eles são muito suscetíveis a aceitar e cuidar de proles de outros machos. Isso ocorre, pois, como se reproduzem com mais de uma fêmea, a chance de um filho perdido ser dele é consideravelmente alta.
Cavalo-Marinho camuflado no coral. Foto: Rodrigo Silva.
No caso de animais que ovipõem, as fêmeas preparam o ninho, colocam os ovos, e os deixam sob a responsabilidade de um macho de sua escolha. Esse comportamento pode ser observado entre as emas.
O macho precisa cuidar dos ovos sozinho e, por isso, muitas vezes, usa a vegetação ao redor como alimento, já que não pode se afastar. Esse processo torna a tarefa de cuidar dos ovos um verdadeiro desafio para o pai, que deve incubar os ovos e, posteriormente, cuidar dos filhotes até que eles se tornem mais independentes.
Pai Ema e seus filhotes: Foto: Kennedy Borges-Road.
Mas e aí conhecia toda essa diversidade de comportamentos de pais do mundo selvagem? Aproveite o dia dos pais, e compartilhe esse conhecimento com o seu pai. Feliz dia dos pais a todos!
Autora: Lucy Gomes de Souza – Greenbond Conservation
Revisado por: Juliana Cuoco Badari – Greenbond Conservation