Animais Fantásticos e onde Habitam: Pinguim-Imperador

Todo mês um post novo trazendo os melhores lugares para observar os animais fantásticos que habitam o Brasil e o mundo. Os escolhidos desse mês são os pinguins-imperadores (Aptenodytes forsteri), os maiores pinguins do mundo que habitam o continente e as águas mais frias do planeta! Essas aves que não voam possuem uma porção de peculiaridades que as tornam resistentes às baixas temperaturas. Fique por aqui e conheça uma parte delas.

 

Como são e onde vivem? 

Os Pinguins-imperadores são os maiores pinguins do mundo, atingindo até 1 metro e meio de altura e pesando entre 30-40 kg. Eles são facilmente reconhecidos pelo seu smoking preto e branco e pelas marcas laranjas atrás dos olhos e no topo do peito.

A aparência do querido Pinguim-Imperador. Foto: Fred Crema – Biofaces

É muito comum que as pessoas confundam esses animais com mamíferos, mas a verdade é que são aves. Então, não! O que recobre o corpo deles não são pelos, mas penas. A sua plumagem é diferenciada porque as suas asas não são especialistas em voo, mas em natação.

foto: Laurent Ballesta Andromède Oceanology

Em terra, andam a cerca de 2,5 km/h, bem lentamente…  mas se encontram uma superfície inclinada e estão com certa pressa, são capazes de utilizar a barriga para deslizar. Quando estão dentro da água, o papo é outro! Durante os mergulhos, são verdadeiros torpedos, alcançando quase 550 metros de profundidade, além de permanecerem debaixo d’água por 20 minutos.

Dentre as 18 espécies já descritas, os imperadores são os mais bem adaptados ao gelo. Vivem metade da vida nas águas congeladas da Antártica e a outra nas águas frias do entorno. Lá, as temperaturas ficam em torno de -40°C e os ventos gelados percorrem a uma velocidade de até 200 km/h.

foto: Distribuição do Pinguim-Imperador (IUCN)

Adaptações

Para sobreviver a essas condições extremas, possuem uma porção de estratégias fisiológicas e comportamentais. A primeira se dá pela redução do seu metabolismo e do fluxo sanguíneo para órgãos não essenciais. Já para a segunda, vivem em colônias de até 5.000 indivíduos, onde vivem cooperativamente para se proteger do frio. 

Colônia de milhares de indivíduos. Foto: George Dvorsky

Uma delas é ficar bem pertinho uns dos outros para conservar o calor. Para que todo mundo tenha a chance de se aquecer, formam grandes rodas e vão intercalando entre eles, o centro – onde é mais quentinho – e a camada mais gelada.

Mestres da camuflagem

Você já parou para pensar por que os pinguins são pretos no dorso e brancos no ventre?

Essa típica coloração é frequentemente associada a um smoking e o consequente estilo elegante deles… mas e se te contarmos que existe uma explicação? E é bem simples!

Responda uma coisa: quando você está próximo à superfície do mar e olha para baixo, não vê uma grande escuridão pela escassez de incidência solar? Pois bem! A coloração preta do dorso permite que muitas vezes, passem despercebidos por seus predadores.

E quando está no fundo e olha para cima, não há um grande clarão? Isso faz com que sejam confundidos com o céu e consigam capturar sua presa de surpresa.

Do namoro ao fruto do amor!

Essa espécie é a única entre os pinguins que se reproduz durante o inverno. Por isso, os meses anteriores consistem na época da alimentação, quando precisam se abastecer e armazenar energia para serem capazes de percorrer dezenas de quilômetros até às áreas reprodutivas.

Estes pinguins são monogâmicos, ou seja, permanecem fiéis aos seus parceiros durante toda a temporada reprodutiva. Foto: internet

Essa longa viagem se inicia em abril e o acasalamento, de fato, só ocorre em maio. Os machos costumam chegar nessas áreas antes das fêmeas para treinar suas chamadas e exibições de corte para impressionarem durante a paquera. Ganha o coração das fêmeas aqueles que atraírem com o canto. Mas não para por aí, hein? Quando elas se interessam por um galã, chegam bem pertinho e inspecionam bem os detalhes para se decidir.

Se você já assistiu o desenho animado Happy Feat, pode estar entendendo agora porque os pais de Mano (o protagonista) ficaram tão aflitos ao perceberem o entusiasmo do filho para sapatear ao invés de cantar. Pois na vida real, essa habilidade é imprescindível para os machos garantirem a sucessão de seus genes.

Animação riquíssima de informações da biologia e ameaças a esses animais. foto: Happy Feat.

Não basta botar o ovo no mundo!

Quando o casal é formado, eles passam a andar juntinhos pela colônia e namoram por várias semanas. Chegado o momento, a mais nova mamãe bota um único ovo que, a partir de agora, estará sob total cuidado do pai porque ela partirá numa viagem de 2 meses à procura de alimento. 

O ovo precisa ser passado cuidadosamente ao macho, pois se escapar, o embrião não sobreviverá às duras condições da Antártica. Mas se chegar até o papai, ele investirá todo o seu tempo nas próximas semanas para chocar e por fim, manter o filhote aquecido e protegido. Eles levam essa missão tão a sério que sequer se alimentam.

Machos protegendo seus filhotes enquanto as fêmeas se alimentam. Foto: Frederique Olivier

Com a chegada das fêmeas, os machos podem buscar os seus deliciosos krill, peixes e lulas em alto-mar sem se preocupar. Isso porque as mamães voltaram não só satisfeitas, como têm o suficiente guardado para dar de comer ao seu filhote, regurgitando em sua boca!

Ah! O tempo passa tão depressa…

Já reparou como os filhotes são diferentes dos pais? O que acontece é que no comecinho da vida, o filhote possui uma fina camada de plumas sem impermeabilidade e por isso, frágeis. Diante disso, tornam-se totalmente dependentes dos pais para comer e se esquentar.

Filhote Pinguim-Imperador antes da muda. Foto: Daisy Gilardini

Mas esse cenário muda quando os pequenos passam por um processo chamado “muda catastrófica”. Diferente das demais aves que trocam suas penas ao longo dos anos, os filhotes pinguins trocam de uma vez só e por isso, o nome. 

Agora, com penas novas e impermeáveis (como a dos adultos), a creche está pronta para pular no mar e aproveitar. Com 3 anos, atingem a maturidade sexual e podem voltar às áreas reprodutivas para repetir o que aprendeu com os seus dedicados pais.

Quando um pouco maiorzinhos, os filhotes se juntam e passam a buscar alimentos sozinhos. Foto: John Downer.

Ameaças

Infelizmente, esses animais estão correndo grande perigo, categorizados como Quase Ameaçados (NT) pela Lista Vermelha da IUCN. A poluição humana e a consequente variação climática (aquecimento global) têm levado ao descongelamento precoce das camadas de gelo da Antártica.

foto: Franka Slothouber

Com o monitoramento das colônias, observou-se uma série de desastres ocasionados por essas alterações, como: queda de cerca de metade dos indivíduos de uma das populações e o rompimento precoce do gelo que levou à morte de cerca de 10.000 filhotes que ainda não estavam prontos para nadar e enfrentar as águas congelantes.

Onde posso encontrá-los?

Como vocês viram, o Pinguim-Imperador habita a Antártica e as águas ao redor. Entretanto, é comum a confusão dessa espécie com o Pinguim-Rei (Aptenodytes patagonicus), que apesar da aparência semelhante, possui algumas diferenças peculiares, além de ocorrerem no sul da Argentina e do Chile.

Mas se você realmente deseja ter a certeza de encontrar o maior dos pinguins, pode se aventurar nas expedições de verão à Antártica. Como não existem hotéis por lá, essas viagens são frequentemente feitas por navios que garantem o conforto e toda experiência.

Aqui no Biofaces, temos apenas um registro dessas incríveis criaturas! Por isso, se você encontrá-los algum dia, não deixe de compartilhar aqui para abastecer o nosso banco de imagens!

 

Texto escrito por Aléxia Ferraz

Revisado por Jéssica Amaral Lara

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