A curiosa vida dos Besouros-serra-pau

Hoje trouxemos uma proposta diferente para o nosso blog, vamos falar um pouquinho sobre a última espécie adicionada à plataforma. Essa funcionalidade pode ser encontrada ao lado direito da tela, junto com o quadro do número de espécies registradas no Biofaces. Até ontem, dia 10 de Dezembro de 2021, tínhamos uma espécie que inspirou o texto de hoje. Representante de uma das maiores famílias de besouros, comumente chamados de serra-pau, o Chyrdateres bicolor possui uma divisão de cores distinta, sendo que o indivíduo foi clicado em Concórdia-SC e adicionado pelo biofacer Frederico Acaz Sonntag.

 

Chyrdateres bicolor. Foto: Frederico Acaz Sonntag – Biofaces

 

A grande família dos Besouros-serra-pau

Com uma enorme diversidade, a família dos cerambicídeos (Cerambycidae) possui mais de 38 mil espécies descritas. Seus representantes vão desde poucos milímetros até o enorme besouro-gigante (Titanus giganteus) com quase 20 centímetros.

 

Titanus giganteus. Foto: Kennedy Borges-Road – Biofaces

 

Os besouros adultos desta família possuem longas antenas, justificando o nome popular longicórneos, que significa “grandes chifres”. Essas longas antenas, muitas vezes maiores que o próprio comprimento do corpo, servem como órgãos olfatórios, que auxiliam os besouros a encontrar parceiros para a cópula e plantas viáveis para botarem seus ovos.

 

Hábitos

O outro nome popular dos cerambicídeos, serra-pau, faz referência ao hábito desses animais de serrar troncos ou galhos de árvores, para realizarem a ovoposição. No geral, os adultos vivem pouco tempo, o suficiente para copular e fazer a postura dos ovos. Uma vez que nascem, as larvas se alimentam da madeira e raízes de árvores, criando enormes galerias. Algumas espécies possuem o período larval tão longo que pode chegar a até 10 anos.

 

Larvas de cerambicídeos. Foto: Charlotte Simmonds – Wikimedia Commons

 

Esse hábito, que pode ser considerado como prejuízo econômico para algumas espécies de plantas e fazem os serra-pau serem considerados pragas, na verdade é essencial na ciclagem vegetal. Ele propicia a entrada de microrganismos, acelerando o processo de decomposição.

Além da madeira, esses animais também se alimentam de folhas, pólen, seiva e frutas. Sendo assim, muitos são atraídos por flores e atuam também como polinizadores.

 

Onde encontrar

Com ocorrência desde a Amazônia até o semi-árido, os serra-pau estão distribuídos em boa parte do território brasileiro. Avistar estes animais depende muito dos hábitos, comportamentos e sazonalidade da espécie, mas é claro que vamos dar dicas para você.

Apesar de algumas espécies serem vistas durante o ano todo, uma riqueza maior desses animais pode ser encontrada durante a estação chuvosa do ano.

Ainda que consigam viver em ambientes com presença humana, os cerambicídeos são afetados negativamente pelas ações antropogênicas. Sendo assim, a sua presença é mais comum em áreas preservadas.

Como bons serra-pau, um bom lugar para começar a busca é em troncos e galhos caídos. Muitos desses animais se alimentam das flores e de frutos, então fique atento aos que encontrar. É comum que ocorram também espécies com hábitos noturnos, nesse caso recomendamos o uso de luz para atraí-las.

 

Gnomidolon sp. Foto: Tami Miranda – Insetologia

 

Fora isso, contamos com a contribuição dos seus registros para o Biofaces!

 

Texto por Lidiane Nishimoto

Revisado por Jéssica Amaral Lara

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