Animais fantásticos e onde habitam: Tamanduaí

Todo mês um post novo trazendo os melhores lugares para observar os animais fantásticos que habitam o Brasil e o mundo. O escolhido deste mês é o tamanduaí (Cyclopes didactylus), o menor e mais antigo tamanduá que existe.

 

Foto: Nereston (Nelinho) Camargo – Biofaces

Características

O nome desse animal já diz muito sobre ele, entenda: em Tupi, a letra “i” ao final de uma palavra se refere ao tamanho diminuto de algo. E é exatamente essa a primeira característica peculiar dos tamanduaís, o comprimento médio de apenas 40 cm e cerca de 300g de peso!

Outro nome carinhoso dado a esses animais é “tamanduá-de-seda”. Afinal, eles possuem pelos macios e brilhantes com tonalidades que variam do amarelo ao prateado de acordo com a espécie.

 

Tamanduaí. Foto: Gustavo Fonseca.

 

Hoje, são conhecidas 7 subespécies do tamanduaí, que estão amplamente distribuídas ao longo da América Central e do Sul. No Brasil, é possível encontrar 5 delas nas florestas úmidas e nos manguezais dos biomas Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado.

 

Distribuição do tamanduaí. Foto: IUCN (International Union for Conservation of Nature, 2021).

 

Apesar da extensa distribuição, também é chamado de “tamanduá-fantasma”, uma vez que o seu tamanho impressionantemente pequeno, junto aos hábitos noturnos e arborícolas dificultam muito o encontro com esses animais.

Por isso, se você realmente deseja esbarrar com ele por aí, precisará de muita paciência e atenção, já que ele passa o dia preso às árvores descansando, muito bem camuflado nos troncos. Além disso, são bem silenciosos, já que, diferentemente dos demais tamanduás, não vocalizam.

 

Foto: Jorge Luis Trelha – Biofaces

 

Já a refeição preferida dele não é tão diferente assim dos outros… consegue adivinhar? Formigas! 

Para os amantes de insetos, temos uma curiosidade muito interessante: em 2009, um estudo analisou o conteúdo estomacal de dois indivíduos no Maranhão e descobriu-se os 4 principais gêneros das formigas apanhadas por eles, são eles: Camponotus, Dolichoderus, Pseudomyrmex e Solenopsis.

Aliás, como eles capturam essas presas?

Embora tenha pouca visão, o olfato aguçado lhe permite localizar as suas presas. Essa busca é ainda facilitada por sua cauda preênsil – usada para se locomover de um galho para outro – e suas garras fortes e finas, usadas para quebrar os galhos. Por fim, utiliza sua icônica língua para capturá-las.

 

Tamanduaí. Foto: João Marcos Rosa

 

Reprodução

Se esses animais adultos já são pequeninos, conseguem imaginar os filhotes? Pois bem, eles podem nascer com cerca de 30g.  

 

Tamanduaí com filhote. Foto: O Globo/Divulgação.

 

Os tamanduaís costumam ser solitários, exceto durante o período reprodutivo. As fêmeas geralmente dão à luz um filhote por vez e, junto com os machos, dedicam-se intensamente no cuidado parental até 70 dias após o nascimento.

 

Defesa

Quando se sentem ameaçados, adotam uma posição defensiva caracterizada por um erguimento do corpo sob as patas posteriores e cauda, com os membros anteriores próximos à face garras nitidamente expostas.

 

Tamanduaí na sua posição defensiva. Foto: Christopher Borges – Biofaces

 

Conservação 

O Instituto Tamanduá foi o primeiro a iniciar um trabalho com o tamanduaí. Atualmente, a equipe conduz um projeto chamado “Em busca do desconhecido”, que visa definir a densidade das populações dessa espécie na Área de Proteção Ambiental do Delta do Parnaíba.

A coleta de materiais biológicos e monitoramento realizados por eles são uma esperança de fomento à necessidade de adoção de políticas públicas à conservação dessa espécie.

Flávia Miranda e Tamanduaí. Foto: João Marcos Rosa

 

O tamanduaí é considerado uma espécie guarda-chuva, isto é, ao se empregar medidas de proteção a ela, estamos protegendo, ao mesmo tempo, todas as outras espécies de flora e fauna que dividem o mesmo habitat.

 

Onde encontrá-los

Como vocês viram, apesar da ampla distribuição, o encontro com esses adoráveis animais é muito raro. No entanto, ao procurar no lugar certo, a probabilidade será maior! E este lugar é o APA do Delta do Parnaíba, mais especificamente, no mangue da Ilha de Canárias. Lá, você ainda poderá conhecer a Casa de Educação Ambiental, aberta à comunidade, pelo Instituto Tamanduá e aprender ainda mais sobre essa espécie.

Temos apenas 8 registros dessa espécie aqui no Biofaces. Que tal viajar para conhecê-los e compartilhar seus novos registros com a gente?! 

 

 

Texto por Aléxia Ferraz

Revisado por Jéssica Amaral Lara

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