Aprenda a fotografar animais de hábitos noturnos
Quem aqui nunca teve dificuldades para registrar animais noturnos? Como você já aprendeu em nossas dicas para fotografar vida selvagem, a iluminação conta, e muito, para que sua imagem saia perfeita. Por conta disso, animais que apresentam hábitos noturnos acabam sendo os últimos escolhidos por fotógrafos de natureza. A prática exige ainda mais atenção, paciência e equipamentos adequados ao momento. Mas a boa notícia é que sair para fotografar animais à noite pode ser uma ótima experiência e nós vamos provar!
SOBRE OS BICHOS NOTURNOS
Qualquer espécie que realize suas atividades entre o crepúsculo e o amanhecer pode ser considerado um animal noturno. Grande parte costuma dormir durante o dia, escondendo-se em locais protegidos de predadores para que tenham um descanso seguro.
O comportamento, que pode parecer estranho aos humanos, se apresenta como uma forma de adaptação ao lugar onde vivem e/ou características físicas. Animais que vivem no deserto, por exemplo, possuem hábitos noturnos pois os dias são muito quentes e a água é escassa. Durante a noite, as temperaturas mais amenas auxiliam na busca por água e alimentos.
Para conviver bem com a escuridão, os bichos apresentam algumas características semelhantes entre si, que os dão vantagens em meio ao ambiente. A visão bem desenvolvida e adaptada para áreas pouco iluminadas é a uma delas. A audição também é aperfeiçoada para ouvir ruídos mínimos, diminuindo as chances de escape das presas. Por último, mas não menos importante: o olfato. Esse é o sentido mais aguçado em alguns animais, permitindo-os perceber mudanças na direção do vento, além de farejar presas e predadores, alimento e água, ainda que distantes.
Dentre as espécies que são melhor avistadas durante a noite, estão os morcegos, corujas, vagalumes e até alguns mamíferos, como é o caso do lêmure-de-cauda-anelada (Lemur catta) e da raposa vermelha (Vulpes vulpes).
DICAS PARA O CLIQUE PERFEITO
#1 Percepção de luz
Antes de aventurar-se na escuridão total, que tal fazer alguns experimentos durante o entardecer, quando a luz começa a baixar? Para tirar boas fotos noturnas, é importante conhecer muito bem os controladores de luz da sua câmera (ISO, diafragma e velocidade do obturador ou tempo de exposição), além de compreender toda a iluminação disponível – ou falta dela.
De acordo com o biólogo e fotógrafo de vida selvagem Gustavo Figueirôa, “quando trabalhamos com pouca iluminação, é preciso ajustar o sensor da câmera e aumentar sua sensibilidade (ISO) para que ele capte o máximo de luz disponível no ambiente. Quanto menos luz, maiores são as chances de granulação da foto. Por isso é importante encontrar esse balanço entre a luminosidade e o assunto a ser fotografado”.
Especialmente aos fotógrafos de natureza, é importante avaliar não apenas a luz ambiente, mas todo tipo de iluminação focada diretamente no animal. O brilho da lua é um fator que deve ser considerado, por exemplo, assim como o uso de lanternas e outras fontes de luz artificiais.
#2 Estabilidade da câmera
Infelizmente, a falta de luz (que pede baixa velocidade do obturador) é inimiga de movimentos bruscos ou câmera fotográficas instáveis. Portanto, a dica de ouro para os iniciantes é: prefira animais que ficam mais parados, como é o caso das corujas. Recorrer ao tripé também pode ser uma ótima opção para evitar fotos tremidas ou pouco nítidas.
“Qualquer movimento de câmera em pouca luz acaba prejudicando a foto. O ideal é diminuir a velocidade do disparo – quando o obturador fecha mais devagar – e manter a câmera o mais estável possível. Assim, você deixa entrar mais luz para conseguir um bom registro.”, afirma Gustavo.
#3 Silêncio
Como visto anteriormente, os animais noturnos possuem os sentidos ainda mais aguçados que os demais. E um deles é a audição! Por isso, tente ao máximo não fazer barulho e, se possível, utilize equipamentos igualmente silenciosos. A paciência também será sua melhor amiga neste momento.
Então, o que acha de colocar nossas dicas em prática? Além de conseguir fotos inusitadas, você ainda pode viver experiências completamente novas na natureza. Conhecer animais que nunca havia observado, perceber hábitos diferentes do que estava acostumado (a) e o melhor de tudo: registrá-los para apoiar nosso propósito de ciência cidadã!