Animais Fantásticos e Onde Habitam: Ararajuba

Todo mês o Biofaces traz um post novo com os melhores lugares para observar os animais fantásticos que habitam o Brasil e o mundo. No mês em que comemoramos o Dia da Amazônia (05/09), decidimos falar de uma ave que só existe na região amazônica do Brasil e que inclusive, é a cara da bandeira do país: a ararajuba! Conheça melhor esse psitacídeo super simpático e saiba onde encontrá-lo!

 

Ararajuba em Açailândia / MA. Foto: Kennedy Borges-Road – Biofaces.

 

Uma ave que é puro charme!

A ararajuba possui o corpo dourado, com as rêmiges (penas compridas das asas) verdes. Inclusive, o seu nome popular – ararajuba e científico – Guaruba guarouba, fazem referência à sua coloração dourada, que significa pássaro amarelado.

 

Bando de ararajubas na Rodovia Transmazônica, Itaituba / PA. Foto: Hector Bottai – Biofaces.

 

Claro, o verde também tem seu valor. Afinal, a mistura das duas cores torna a ararajuba “a cara” da nossa bandeira, sendo por isso, já indicada como representante à ave nacional (mas o prêmio foi para o sabiá-laranjeira – Turdus rufiventris).

 

Apesar da ararajuba ser a cara da bandeira do Brasil, o querido sabiá-laranjeira ganhou o título de ave nacional! Foto: Miguel Veronez – Biofaces.

 

Outras curiosidades sobre esse psitacídeo reluzente são:

Parentesco: a ararajuba pertence à família Psittacidae, ou seja, ela é “prima” das araras, papagaios e periquitos. Entre seus parentes, o mais próximo (considerando dados genéticos moleculares) é a maracanã-pequena (Diopsittaca nobilis).

 

Maracanã pequena (Diopsittaca nobilis), parente mais próximo da ararajuba. Foto: Luciano Bernardes – Biofaces.

 

O peso da ararajuba: a ararajuba pesa 250 gramas e mede em torno de 35 cm. Para fins de comparação, ela é mais pesada do que uma maritaca, também chamada de periquitão maracanã (peso médio de 160g) e mais leve do que um papagaio verdadeiro (peso em torno de 400g);

 

Grupo de ararajubas em Belém. Foto: Fred Crema – Biofaces.

 

Vivem em grupos (até na temporada reprodutiva): diferente de muitos outros psitacídeos que permanecem em casais durante a temporada reprodutiva, essas aves permanecem em grupo nesse período, em bandos que podem variar de 4 a 10 indivíduos. E por falar nisso, relatos indicam que a sua reprodução é comunitária: ou seja, os ninhos são resultados da contribuição de várias fêmeas e, vários adultos cuidam dos filhotes;

Canto: já parou para pensar em como é o canto da ararajuba? Bom, você pode ouvi-lo em nossa plataforma ao clicar aqui!

 

O que a ararajuba come

Ararajuba em Gurupá / PA. Foto: Marco Catel – Biofaces.

 

Esse psitacídeo verde e amarelo é frugívoro e granívoro: consome frutas, bagas, sementes e nozes. Em temporadas de colheitas, eles também podem ser vistos se alimentando das safras, como as de milho.

 

Onde vive a ararajuba

A ararajuba é uma ave exclusivamente brasileira, que ocorre na região amazônica. No geral, ela se limita a regiões menos úmidas do bioma entre as planícies baixas e a borda do planalto central.

 

Onde vive a ararajuba. Fonte: BirdLife International e Handbook of the Birds of the World (2018) 2018. A Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. Versão 2022-2.

 

Durante a estação seca, ela é encontrada em áreas com vegetação densa, na copa de árvores de florestas altas de terra firme. Já na época reprodutiva (de dezembro a abril), ela é encontrada em cavidades de árvores em clareiras, ou seja, em áreas mais abertas com árvores dispersas.

 

Ararajuba em Belém / PA. Foto: Nereston (Nelinho) Camargo – Biofaces.

 

Vale comentar que há uma população no Sul do país, em Joinville, Santa Catarina. Mas essa não é natural, os indivíduos foram soltos na região. O biofacer Fabio Barata já fotografou indivíduos na cidade, olha só o registro:

 

Clique de ararajubas em Joinville / SC. Foto: Fabio Barata – Biofaces.

 

Como evitar a extinção da ararajuba

A ararajuba é considerada Vulnerável (VU) pela IUCN e a tendência é que a sua população diminua. As principais ameaças que ela sofre são: a destruição e fragmentação de habitat (seja pelo desmatamento para retirada de madeira, desenvolvimento urbano, entre outros motivos, principalmente na área leste de sua distribuição) e a retirada de indivíduos da natureza para o tráfico ilegal de animais silvestres.

Logo, algumas das formas de ajudar as populações de ararajubas de vida livre é frear o desmatamento do seu lar, a Amazônia (por exemplo, ao comprar madeiras de origem conhecida e legalizada) e também, não comprar animais silvestres de origem ilegal.

Mas aqui, vale comentar sobre um projeto super bacana para a conservação da espécie que está em andamento na região metropolitana de Belém / PA: o Projeto de Reintrodução e Monitoramento de Ararajubas em Belém. A iniciativa, realizada há 8 anos pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio), em parceria com a Fundação Lymington de São Paulo, já devolveu 45 ararajubas para a cidade!

 

Ararajubas em Belém / PA. Foto: Gustavo Pedro de Paula – Biofaces.

 

Onde encontrá-la

Nesta altura do texto, você já entendeu que para encontrar as populações selvagens de ararajubas, você deve ir à Amazônia brasileira. Levantamentos de ocorrência indicaram a existência da ararajuba em 60 pontos do bioma, em cinco estados: Pará, Maranhão, Rondônia, Amazonas e Mato Grosso, sendo a enorme maioria deles concentrados no Pará.

 

Ararajuba no Parque Nacional da Amazônia, em Itaituba / PA. Foto: Kennedy Borges-Road – Biofaces.

 

Aqui vamos indicar duas áreas protegidas no Pará onde biofacers já tiveram a chance de vê-las: o Parque Nacional da Amazônia (estimativas do ano de 2007 indicaram cerca de 480 indivíduos morando na região), em Itaituba e o Parque Estadual do Utinga, em Belém, onde há os indivíduos do Projeto de Reintrodução e Monitoramento de Ararajubas!

 

Ararajuba no Parque Estadual do Utinga, Belém / PA. Foto: Wagner Santana – Biofaces.

 

Ave inspiradora!

Todo registro de ararajuba no Biofaces é motivo de grande admiração – encontros com ela em vida livre não são fáceis. Essa ave inspiradora já virou até desenho científico em nosso site, ilustração que ganhou quase 2.400 visualizações:

Desenho científico de cópula de ararajubas. Por: Flávio Sousa – Biofaces.

 

É impossível descrever o quanto ela é linda e o quanto encontrá-la em natureza deve ser gratificante: uma experiência que até então, apenas 10 biofacers conseguiram vivenciar. Esperamos que esse texto tenha te incentivado ainda mais a vê-la e que o seu clique seja o próximo a entrar na plataforma!

 

Texto por: Jéssica Amaral Lara

Revisado por: Juliana Cuoco Badari

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