Bons lugares para fotografar vida selvagem: Parque Nacional do Boqueirão da Onça

Foto: Rogério Cunha – ICMBio

 

Não é só de boas câmeras e dicas de fotos que vive o fotógrafo de vida selvagem. Ele também precisa estar no lugar certo, na hora certa. Pensando nisso, nós listamos os maiores e melhores Parques Nacionais para você se conectar à natureza, encontrar os bichos em vida livre e fazer incríveis registros!

Uma vez por mês abordamos um parque diferente, trazendo opções de todos os cantos do Brasil, para você aproveitar ao máximo a rica biodiversidade brasileira! De acordo com a região onde estão situados, os parques podem te surpreender com animais, vegetações, cores, cheiros e paisagens distintas, o que faz de cada espaço um lugar único.

Em meio ao semiárido brasileiro, encontra-se o refúgio da última grande população de onças-pintadas da Caatinga e de araras-azuis-de-Lear fora de Canudos. Vem conhecer todo o deslumbramento do Parque Nacional do Boqueirão da Onça!

 

Foto: Marcelo Brandt – G1

 

O Parque Nacional do Boqueirão da Onça

Abrangendo os municípios de Campo Formoso, Juazeiro, Sento Sé e Sobradinho, o PARNA do Boqueirão da Onça está localizado em meio ao sertão, no norte da Bahia. Criado em 2018, ele conta com uma área estimada de 350 mil hectares de Caatinga.

Único bioma exclusivamente brasileiro, a Caatinga é formada principalmente por vegetação xerófila, adaptada às condições de aridez. No entanto, em algumas regiões podem ocorrer vegetação florestal, como em alguns pontos do PARNA. Essas florestas ajudam na manutenção dos boqueirões, pontos onde há acúmulo de água da chuva e que inclusive são fonte de inspiração ao nome do Parque. Nelas também existem nascentes, até mesmo durante o período da seca.

 

Foto: ICMBio

 

Fauna

Como o próprio nome diz, o Boqueirão da Onça é conhecido pela sua população de onças. Nele ocorre a última grande população de onças-pintadas (Panthera onca) na Caatinga, estimada em cerca de 30 indivíduos. Não só elas, as onças-pintadas dividem a região com outro grande predador, a onça-parda (Puma concolor). É estimada que exista uma população com cerca de 180 indivíduos na região.

 

Onça-pintada (Panthera onca). Foto: Roberto Almeida – Biofaces

 

O Programa Amigos da Onça, do Instituto Pró-Carnívoros, atua na região realizando ações para reduzir os conflitos entre onças e humanos e de conservação desses animais. O programa lançou recentemente um curta-metragem “A última onça da Caatinga?”, que conta um pouco da história de resgate de uma onça-pintada na região, vale a pena conferir!

Além disso, a Caatinga tem uma fauna surpreendentemente rica, parte dela endêmica. O bioma é considerado uma das regiões semiáridas mais biodiversas do planeta. Alguns outros habitantes da região são o tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla), tatupeba (Euphractus sexcintus), tatu-bola (Tolypeutes tricinctus), veado-catingueiro (Mazama gouazoubira), gato-do-mato (Leopardus tigrinus) e a jaguatirica (Leopardus pardalis).

 

Tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla). Foto: Miguel Veronez – Biofaces

 

É também no Boqueirão da Onça que se encontra a última população da arara-azul-de-Lear fora da região de Canudos (BA). Essa espécie ameaçada de extinção era considerada extinta na região, e agora encontra ali o habitat ideal para sua reprodução e sobrevivência. Foi feita, recentemente, uma soltura de seis indivíduos pela equipe do Projeto Arara Azul, documentada de forma emocionante aqui.

 

Arara-azul-de-Lear (Anodorhynchus leari). Foto: Nina Wenóli – Biofaces

 

Atrações

Além da fauna, a região também tem outras atrações que prometem: cavernas, pinturas rupestres e a própria Caatinga. A Toca da Barriguda é uma caverna labiríntica com cerca de 30 km de extensão. Já a Toca da Boa Vista é considerada a maior do Brasil e do hemisfério sul, com cerca de 106 km de galerias subterrâneas.

 

Toca da Barriguda. Foto: Thiago Mattos Espírito Santo – G1

 

Existe também a Gruta do Sumidouro, um verdadeiro oásis em meio ao sertão. Nela passa um rio e, a apenas 30 km de distância fica a Cachoeira do rio Salitre, com uma queda de 3 metros e um poço de 3,5 metros de profundidade.

 

Como chegar

O Parque Nacional do Boqueirão da Onça ainda não está oficialmente aberto à visitação, mas existem algumas opções de passeios a fazer na região. O aeroporto mais próximo fica em Petrolina (PE), a cerca de 150 km de distância. Agências de turismo da cidade e de outras da região, como Campo Formoso e Sento Sé, organizam passeios turísticos ou podem indicar guias.

 

Arara-azul-de-Lear (Anodorhynchus leari). Foto: Marcelo Dionizio – Biofaces

 

E aí, preparado para conhecer essa região incrível? Só não se esqueça de levar a câmera e trazer os registros para o Biofaces!

 

Texto por Lidiane Nishimoto

Revisado por Jéssica Amaral Lara

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