Dia Mundial para Conscientização sobre Tubarões e Raias- Mergulhando no fascinante mundo dos tubarões

 

Os tubarões são retratados na mídia como vilões sanguinários, mas na realidade são criaturas fascinantes que sofrem com essa imagem negativa. Para combatê-la e valorizar a importância desses animais, foi criado o Dia Mundial para Conscientização sobre Tubarões e Raias, comemorado ontem, dia 14 de julho. E aqui, nós vamos apresentar algumas curiosidades que vão despertar um novo olhar sobre estes animais.

Vem com a gente mergulhar no universo dessas criaturas incríveis que contam com cerca de 500 espécies conhecidas, dos mais variados tamanhos, cores e formas. 

 

Tubarão-baleia. Foto: Brian J. Skerry – National Geographic Brasil

 

Características

A anatomia dos tubarões é diversa, com tamanhos que variam desde os 20 cm, do tubarão-lanterna, até os 12 m, do tubarão-baleia. Suas cores e padrões também são variados, podendo ter listras como o tubarão-gato-listrado, ou emitir luz própria, como é o caso do tubarão-lanterna ou do tubarão-gato, que emite uma fluorescência verde.

Conhecidos também por sua dentição única, alguns tubarões, como o tubarão-branco possuem sete fileiras de dentes, totalizando cerca de 300. E, diferente dos humanos que nascem com uma quantidade predeterminada de dentes, os tubarões parecem ter uma capacidade infinita de regenerá-los, podendo nascer cerca de 30.000 dentes ao longo de sua vida. 

Não restrito aos dentes na sua boca, os tubarões também apresentam dentículos em sua pele, que também possuem capacidade de regeneração. Essas estruturas otimizam sua mobilidade pela água e foram inspiração para veículos e roupas de mergulho mais aerodinâmicos.

 

Tubarão-gato. Foto: WWF

Os super sentidos

Os tubarões são um dos poucos animais que possuem órgãos especiais que atuam como um sexto sentido: as ampolas de Lorenzini. Elas ajudam a detectar variações em campos elétricos, temperatura e salinidade da água. Ao se aproximarem das presas, alguns tubarões cobrem seus olhos com uma membrana protetora ou viram seus olhos para dentro, expondo a parte de trás, para protegê-los. Isso significa que eles fazem um ataque às cegas, ressaltando a importância das ampolas para direcioná-los. Esses órgãos mostraram-se tão poderosos que são capazes de localizar as presas até mesmo enterradas na areia!

As ampolas de Lorenzini também estão envolvidas em uma técnica muito utilizada para animais em cativeiro, chamada de imobilidade tônica. Nessa técnica os tratadores pressionam certos pontos do animal enquanto o viram de cabeça para baixo e, como um passe de mágica, os tubarões entram em um estado de transe, quase como uma hipnose. Ainda é um mistério o motivo pelo qual a imobilidade seria útil para esses animais, mas existem evidências de sua utilidade na predação deles: algumas orcas foram observadas segurando tubarões de cabeça para baixo, resultando no sufocamento do tubarão e em uma refeição tranquila para a orca.

 

Tubarão-branco. Foto: Augusto Motta – Biofaces

 

Comportamento

Caçadores excepcionais, os tubarões possuem diferentes estratégias de ataque. 

O tubarão-raposa possui uma cauda com metade de seu comprimento total, e a usa como um chicote, criando uma onda na água para atordoar suas presas, antes do ataque em si. Outro exemplo peculiar é o tubarão-bambu. Esse peixe que habita recifes de corais, pode ser visto, na hora da caça, usando suas barbatanas para caminhar sobre eles em vez de nadar. Não só isso, enquanto caça em piscinas rochosas, o tubarão-bambu consegue “prender a respiração” e andar fora da água! 

Mas nem só de caça vive o tubarão, alguns estudos recentes mostraram que existem tubarões com dietas onívoras – compostas por algas marinhas, além das presas comuns. Apesar disso, esses animais continuam sendo predadores de topo de cadeia e desempenham um papel ecológico vital. Ao predar outros peixes, os tubarões realizam um importante controle de sua população e, consequentemente, de vários outros organismos, até mesmo corais. 

Animais solitários? Pode ser que não.

Outra percepção que tem mudado em relação a esses animais é de que os tubarões são animais solitários. Nos últimos anos, têm surgido cada vez mais evidências de tubarões se socializando de formas que são, decididamente, amigáveis. 

Um estudo acompanhou tubarões por quatro anos, mostrando que esses peixes retornam às mesmas comunidades todos os anos, além de demonstrar que existem preferências pela companhia de certos indivíduos, indicando fortes vínculos sociais. 

Os tubarões-touro, por exemplo, possuem relações sociais complexas, que antes acreditava-se ser restrita apenas a mamíferos mais sociáveis, como chimpanzés. 

 

Tubarão-touro. Foto: Meus Animais

 

Um outro motivo para as reuniões de tubarões foi demonstrado recentemente com um resultado inusitado: os tubarões surfam. Foi observado que esses peixes se reúnem em certas áreas com maior correnteza e se deixam “ir com a maré”. Esse é um meio de reduzir o gasto de energia com o deslocamento ou até mesmo dormir.

 

Fósseis vivos

Apesar de ser difícil calcular o tempo de vida dos tubarões, o vertebrado mais velho do mundo, conhecido atualmente, é o tubarão-da-Groenlândia, tendo indivíduos com cerca de 400 anos de idade. Não só seu envelhecimento é lento como o crescimento é de aproximadamente 1 cm por ano. Além disso, acredita-se que sua maturidade sexual  só é atingida por volta dos 150 anos de idade. Surreal, não é?

 

Tubarão-da-Groenlândia. Foto: Julius Nielsen – BBC

 

Além de ser um dos animais mais longevos atualmente, o grupo de animais que os tubarões fazem parte possui fósseis que datam mais de 420 milhões de anos atrás. Para vocês terem ideia isso é mais antigo do que os fósseis mais antigos já encontrados de árvores do mundo (cerca de 360 milhões de anos). Isso significa que eles foram capazes de sobreviver a quatro extinções em massa na Terra. O que eles podem não sobreviver são as ações humanas. 

Apesar de humanos não estarem no cardápio dos tubarões, eles fazem parte do nosso. Os tubarões enfrentam a ameaça da pesca acidental ou visada. Existe um mercado muito forte em busca de partes desses animais, especialmente as suas barbatanas, usadas na preparação de uma sopa admirada pela elite asiática. 

Uma prática cruel e muito comum é chamada  finning. Ela conta com a captura dos tubarões, o corte de suas barbatanas e soltura no mar enquanto ainda estão vivos. É claro que essa técnica resulta na incapacidade dos bichos de  nadar e, consequentemente, em sua morte.

 

Conservação

Que esses animais são realmente fantásticos não sobram dúvidas, mas ainda existem muitos mistérios sobre esses peixes e isso, somado à importância ecológica, já são motivos suficientes para preservá-los. Para isso, é importante a conscientização.

Precisamos, urgentemente, conscientizar as pessoas que ainda tem uma visão negativa sobre esses animais incríveis e, mostrar a elas, o papel essencial que eles desempenham na natureza.  

Isso pode ser feito através de divulgação científica, como o canal No Fundo do Mar, de ações educativas e combativas às ameaças mais diretas, como fazem a WWF e a Sea Shepherd, ou mesmo apoiando essas instituições. 

Atividades de turismo voltadas para os tubarões também são uma ótima forma de contribuir com a preservação das espécies. No Brasil existe um mercado turístico na região de Fernando de Noronha, não só para avistamento, mas também para mergulhos com os animais. Para os mais corajosos, existem regiões especializadas apenas em mergulhos com tubarões, em países como a África do Sul, Austrália, Tailândia, Egito, Galápagos e México.

Compartilhar o conhecimento também é uma ótima maneira de divulgar positivamente os tubarões e nada melhor do que belas fotografias para isso. Fica a dica: o Biofaces tem poucos registros dessas feras, no bom sentido, é claro. Foi exatamente o que o Gustavo Figueirôa fez quando esteve cara a cara com esses carinhas. O registro incrível do seu mergulho com tubarão-branco você pode conferir aqui

Quer melhor jeito de celebrar o dia de ontem do que aumentando a conscientização sobre os tubarões e colaborando com nosso site? Aguardamos seu registro!

 

Texto por Lidiane Nishimoto

Revisado por Fernanda Sá

 

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