Entrevistando Biofacers: Diogo Luiz/Repertório Animal
Conheça nosso novo quadro ‘Entrevistando Biofacers’! Aqui, vamos contar um pouco da história de alguns destaques da nossa plataforma, buscando estimular e inspirar outros usuários e fotógrafos de natureza.
O primeiro entrevistado é o Diogo Luiz, que lidera o ranking de espécies. Sua paixão pela biodiversidade, conservação e fotografia, lhe garantiu um vasto repertório de imagens capturadas e levaram-no ao topo do nosso ranking, com incríveis 3.824 espécies já registradas!
Nós batemos um papo com ele e descobrimos informações muito interessantes! Dá só uma olhada:
Qual a sua profissão? Você vive de fotografia?
“Tenho duas profissões. Sou militar reformado, era fuzileiro naval. Tive um problema de saúde que me impossibilitou de continuar na ativa e, 10 anos atrás, me aposentei e fui reformado. Hoje em dia, sou biólogo formado e trabalho há mais ou menos 10 anos em uma ONG chamada ‘Onda Verde’. Dentro da minha profissão, trabalho na área de educação ambiental e fotografia de natureza.
Se eu vivo de fotografia? Posso dizer que sim. Hoje em dia eu não faço mais trabalhos fotográficos que não estejam relacionados à fotografia de natureza, mas antes eu fazia. Tanto eu, quanto minha esposa, somos fotógrafos. Aqui na instituição, desenvolvi um projeto nos últimos 3 anos chamado ‘Pássaro Solto’. Trata-se de um projeto de educação ambiental e fotografia que ensina os jovens a fotografar a natureza. Aliás, ensina todas as modalidades da fotografia. É um curso de fotografia, no qual eles também têm aula de educação ambiental. Sou coordenador do projeto e também dou aulas de foto, então temos vários colaboradores. Inclusive, em uma das aulas, ensinamos jovens a utilizar o Biofaces e WikiAves, mas com muito mais foco no Biofaces. Tanto que o próprio Leonardo Avelino, proprietário do Biofaces, uma vez gravou um vídeo falando sobre a plataforma e o projeto ‘Pássaro Solto’.”
O que significa o “Repertório Animal”, que fica junto do seu nome na plataforma?
“Na verdade, Repertório Animal é uma página minha no Facebook, onde coloco as minhas fotos de natureza: plantas, animais, entre outros.”
Quando começou essa paixão por fotografia? Por que animais selvagens?
“Acho que a paixão por fotografia começou tem muitos anos. Mais especificamente na marinha, na época que os militares/pessoas viam os bichos e sabiam que eu gostava. Sabiam também que um dia, quem sabe, poderia ser um naturalista, um fotógrafo, um documentarista, etc. Ainda não sou documentarista, mas espero um dia ser.
Desde essa época, eu já contava para as pessoas que era meu sonho. Um pouco disso começou nas forças armadas e depois se intensificou quando eu saí e me tornei biólogo. Graças a Deus, hoje em dia sou apaixonado por essa profissão. Nas minhas andanças como biólogo, pra poder fazer os trabalhos com água (durante muito tempo trabalhei monitorando a qualidade dos rios), que fazíamos o monitoramento biológico com insetos e água, eu tava sempre no meio do mato, no meio da floresta. E aí, com uma câmera na mão, eu estava sempre registrando os bichos, além de fazer meu trabalho de biólogo. Então, eu acho que essa paixão se intensificou ao longo dos anos por conta disso: você está no meio do mato, tem uma boa câmera, gosta do que está fazendo e naturalmente a boa imagem vai sair. Depois, a coisa foi tomando maior proporção. Fui fazendo cursos de fotografia e me especializando, até que começamos com o ‘Pássaro Solto’, que foi um sucesso aqui no Rio de Janeiro. Esse é um projeto que teve uma adesão muito grande dos fotógrafos de natureza e observadores de pássaros. Foi um curso de mais de 50 aulas, duas vezes na semana. Tinha aulas práticas na floresta, enfim, foi algo muito interessante.
Agora, por que animais selvagens? É algo bem óbvio. Você está na selva/floresta, acaba se contagiando por aquele ambiente e cada vez mais vê organismos diferentes. Eu tenho comigo, não sei se posso dizer isso, mas eu fico obstinado a procurar imagens novas, registros novos. Pra mim, eu não tenho muita especialidade por nenhum tipo de imagem. Eu gosto muito de registrar bichos novos, então isso me motiva. Cada vez que eu cadastro a espécie no Biofaces e acabou, eu penso: agora vou procurar e registrar algo novo. Isso me motiva bastante.”
Tem algum grupo de animais (mamíferos, répteis, aves, etc) que você prefira fotografar?
“Sempre tem, né? Eu acho que no Biofaces, inclusive, o grupo que eu tenho o maior número de registros são os invertebrados, que é uma das minhas maiores paixões. Mas têm as aves também, que eu gosto muito.
Na verdade, eu gosto de fotografar tudo, até mesmo plantas. É claro que mamíferos, répteis também são muito legais de se ver, porque não são tão fáceis. Mas acho que esses dois grupos, aves e insetos, são os que eu mais gosto de fotografar mesmo.”
Você mantém algum outro trabalho de conservação da fauna?
“Um projeto de reabilitação ou cuidados específicos com bichos nós não temos aqui na instituição [Onda Verde]. Mas nós temos, por exemplo, um trabalho muito sólido de reflorestamento, o que acaba impactando positivamente na fauna.
Além disso, também trabalhamos ativamente o Pássaro Solto: um projeto de conservação, que trabalha a educação ambiental, a partir da observação de aves. O resultado disso é a preservação das espécies de aves locais no Rio de Janeiro.
O projeto trabalha a conscientização, uma vez que a gente tem uma cultura de caça muito forte por aqui. O esforço se faz importante, porque se a gente começa a educar esses jovens, fazendo-os entender que a cultura da ave na gaiola é uma cultura devastadora, que movimenta o tráfico de animais silvestres, nós trabalhamos a conservação. Aos poucos, a gente tem visto a diminuição no número de jovens com passarinhos. Eles aprendem, multiplicam essa informação para outros jovens e até mesmo para os adultos.
Nós sabemos que os adultos não são tão fáceis de convencer, mas começando a mudar a cabeça dos mais novos, a gente já pode pensar num futuro melhor quando falamos da conservação de aves.
Muitas delas são criadas em cativeiro, como xerimbabo (um animal que as pessoas veem como doméstico). Infelizmente, isso ainda é muito forte no Rio de Janeiro. Mas nós temos um feedback bem positivo sobre a conservação e preservação desses bicho aqui na região. Então aos pouquinhos a gente tenta melhorar isso.”
Qual foi a sua melhor experiência no universo de vida selvagem?
“Já vivi algumas experiências nesse universo de vida selvagem. Acho que o Pantanal, onde estive recentemente, foi uma experiência incrível. Mas ainda assim, eu escolheria a Mata Atlântica, que é o meu reduto. Nas vezes em que me vi imerso aqui na Mata Atlântica, fazendo trabalhos por universidade e até mesmo aqui pela ONG, foram as minhas maiores experiências. Talvez a experiência que eu tive para ir ao Pico do Tinguá, que é uma das áreas mais altas aqui na floresta onde estamos situados [Reserva do Tinguá].
Já estive em quase todos os biomas do Brasil, uns para fotografar, outros para turistar, mas eu ainda acho que a Mata Atlântica mora no meu coração.”
Hoje, você lidera o ranking de espécies dentro do Biofaces. Qual a sua dica para quem quer alcançar o mesmo resultado?
“A dica para… não diria “se manter no topo”, pois acho que é algo mais importante que isso. Mas a dica principal para se ter bastantes registros de diferentes espécies, é estar sempre com uma câmera na mão, independente do ambiente, e ficar registrando. Levar isso como um hobby, algo que você goste muito, que te faça muito bem.
Como exemplo, eu sempre tenho uma câmera no carro, uma na mochila. Onde eu vou, levo a câmera. Para que, seja uma mosquinha que pouse no banheiro, uma lacraia que passe no piso ou uma ave que passe perto de você, você esteja apto para registrar. Eu sou apaixonado por registrar! Então, acho que essa é a receita. Tem que primeiro gostar muito, daí naturalmente você desenvolve esse hobby e consegue bastantes registros.”
Agradecemos ao Diogo pela disponibilidade, carisma e predisposição em nos ajudar. Em breve, podemos trazer outros usuários com novas histórias, então não perca!