Animais Fantásticos e Onde Habitam: Espécies de tentilhões mais conhecidas do Brasil

Todo mês um post novo trazendo os melhores lugares para observar os animais fantásticos que habitam o Brasil e o mundo. O Dia de Darwin (12/02), é um momento oportuno para explorar a rica diversidade das aves que tanto fascinaram o pai da teoria da evolução: os tentilhões. No Brasil, encontramos uma variedade incrível dessas aves, cada uma com características únicas e histórias fascinantes. Neste blog, embarcaremos em uma jornada para conhecer algumas das espécies de tentilhões mais conhecidas do nosso país, explorando suas adaptações, habitats e curiosidades. 

 

                              Ilustrações de tentilhões. Imagem: Getty Image/iStockphoto.

Os Tentilhões de Darwin

As Ilhas Galápagos, consistem em um arquipélago vulcânico no Oceano Pacífico, a oeste do Equador, um lugar repleto de belezas naturais e mistérios científicos. Foi lá que Charles Darwin, naturalista britânico, fez uma descoberta fundamental que mudaria para sempre a nossa compreensão da vida na Terra: a adaptação e a evolução das espécies.

Existem 13 espécies de tentilhões (14 se incluirmos o tentilhão da Ilha dos Cocos) registradas em Galápagos. Em sua viagem a bordo do HMS Beagle em 1831, Darwin coletou espécimes que apresentavam diferenças notáveis no formato do bico, mesmo pertencendo à mesma família. Intrigado com essa variação, ele percebeu que cada tipo de bico era adaptado a um tipo específico de alimentação, permitindo que os tentilhões explorassem diferentes nichos ecológicos nas ilhas.

Os tentilhões de Darwin. Imagem: Origem das Espécies. 

 

Os tentilhões do gênero Geospiza exibem um bico largo, perfeitamente adaptado para a alimentação à base de sementes e artrópodes crocantes. Já a espécie Certhidea olivacea apresenta um bico fino e pontiagudo, especialmente útil para a captura de insetos que se escondem entre as folhas.

Exemplar de Certhidea olivacea. Foto: Charles Darwin Foundation Archive.

Por outro lado, temos o Camarhynchus pallidus, o tentilhão pica-pau, que utiliza seu bico para sondar a casca das árvores, coletando larvas. Esses exemplos ilustram apenas algumas das adaptações observadas entre essas aves. Mas, como podemos compreender essas variações?

Exemplar de Camarhynchus pallidus. Foto: Michael Dvorak/CDF. 

Os tentilhões descendem de um ancestral comum. Ao longo de várias gerações, cada descendente foi gradualmente se distanciando de seus progenitores. Aqueles que nasciam com características mais vantajosas para o ambiente em que viviam tinham maiores chances de sobrevivência e de transmitir essas características às futuras gerações. 

A Diversidade de Tentilhões Existente

 

Os tentilhões verdadeiros, pertencentes à família Fringillidae, são pássaros de porte pequeno a médio, que exibem bicos cônicos robustos. Encontrados em uma ampla variedade de habitats ao redor do globo terrestre, exceto Austrália e nas regiões polares. São conhecidos por estabelecer residência em uma área e permanecer lá ao longo do tempo, sem migrar. 

A Família Fringillidae é diversificada, e abriga mais de duzentas espécies distribuídas entre cinquenta gêneros distintos. Curiosamente, muitas aves de outras famílias também são frequentemente referidas como “tentilhões”. 

Dom-fafe-eurasiático (Pyrrhula pyrrhula), espécime da Família Fringillidae. Foto da biofacer Alice Patrícia Horikawa.

Entre esses grupos estão os tentilhões estrildídeos dos trópicos do Velho Mundo e da Austrália, membros da família das estamenhas do Velho Mundo (Emberizidae) e da família dos pardais do Novo Mundo (Passerellidae), além dos famosos tentilhões de Darwin, agora classificados como membros da família dos sanhaços (Thraupidae).

Os tentilhões do Brasil

Tiê-do-mato-grosso

O tiê-do-mato-grosso, um passeriforme da família Cardinalidae, encanta com suas cores vibrantes e cantos melodiosos. Encontrado principalmente na Amazônia brasileira, também habita outras regiões da América do Sul.

Tiê-do-mato-grosso (Habia rubra) macho. Foto: Guto Balieiro/Biofaces.

Com tamanho entre 18 e 20 cm e peso de 40 gramas, o macho ostenta plumagem vermelho-amarronzada com cabeça vermelha, enquanto a fêmea é marrom-olivácea com faixa amarela na cabeça. Seu canto forte e melodioso, composto por assobios e notas vibrantes, marca sua presença na floresta.

O tiê-do-mato-grosso prefere florestas úmidas e matas secundárias, principalmente na Amazônia, vivendo aos pares ou em pequenos grupos familiares. Alimenta-se principalmente de insetos e frutas.

Seu nome científico, Habia rubra, deriva do latim e significa “vermelho vivo”. Também conhecido como tangará (Pará), tchá-tchá-tchá e tiê-da-mata, atualmente é classificado como “Pouco Preocupante” pela IUCN.

Gaturamo-rei

O gaturamo-rei, apresenta cores vibrantes e cantos melodiosos. Encontrado em florestas e bordas de mata na América do Sul, nos estados de Pernambuco, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Roraima, Santa Catarina e São Paulo.

Gaturamo-rei (Euphonya cyanocephala) macho. Foto: Eden Fontes/Biofaces.

Com tamanho entre 10 e 11 cm e peso de 12 gramas, o macho ostenta plumagem azul-celeste com garganta e dorso negros, enquanto a fêmea é verde-oliva com coroa azul. Seu canto forte e melodioso, composto por assobios e notas vibrantes, marca sua presença na natureza.

Fêmea de gaturamo-rei (Euphonya cyanocephala). Foto: Sonia Maria de Souza.

O gaturamo-rei prefere florestas úmidas, bordas de mata e áreas abertas com árvores frutíferas. É uma ave ativa e arborícola que se alimenta principalmente de frutas e insetos.

Seu nome científico, “Euphonia cyanocephala”, deriva do grego e significa “som bonito” e “cabeça azul”. Também conhecido como bonito-canário, bonito-fogo, gaturamo-canário, na Lista de Espécies Ameaçadas da IUCN é classificado como “Pouco Preocupante”.

Canários

Os canários da família Fringillidae desempenham um papel significativo na avifauna, com cerca de 30 espécies distintas distribuídas nos diferentes biomas brasileiros. 

Entre as espécies mais comuns, destacam-se: O Canário-da-terra (Sicalis flaveola), presente em todo o país, predominando em áreas abertas e pastagens; o Canário-da-mata (Sicalis columbiana) prefere habitats de florestas úmidas e matas ciliares, sendo encontrado principalmente na Amazônia e Mata Atlântica; o Canário-do-reino (Sicalis lutea) habita as regiões montanhosas do Sul e Sudeste do Brasil; o Canário-assobiadeira (Sicalis pelzelni) característico de campos rupestres e cerrados do Brasil central; e o Canário-papo-branco (Sporophila leucoptera), comumente avistado em florestas úmidas e matas ciliares na Amazônia.

Casal de canários (Sicalis flaveola). Foto: Rafael Riva/Biofaces.

Além dessas, outras espécies também são encontradas em território brasileiro, cada uma adaptada a diferentes nichos ecológicos. As características gerais dessas aves incluem um tamanho médio entre 10 e 15 cm, plumagem colorida variando de acordo com a espécie, bico forte e cônico ideal para descascar sementes, e um canto melodioso utilizado para atrair parceiros e delimitar território.

Ecologicamente, os canários desempenham um papel vital na dispersão de sementes e no controle populacional de insetos, sendo parte da cadeia alimentar como presas para aves de rapina e serpentes.

Pintassilgos

Pintassilgo-do-nordeste. Foto: Gustavo Sandres/Biofaces.

Os pintassilgos, são passeriformes reconhecidos em todo o país por seus cantos. No Brasil, existem algumas espécies descritas, dentre elas, destacam-se o pintassilgo-do-nordeste (Spinus yarellii), encontrado nas áreas abertas do Nordeste e Norte do Brasil; o pintassilgo-de-cabeça-preta (Spinus magellanicus), presente em campos e pastagens do Sul e Sudeste; e o pintassilgo-europeu (Carduelis carduelis), no Brasil já foi avistado em algumas partes do Rio Grande do Sul, tendo sido introduzido no país pelo ser humano.

Caracterizam-se pelo tamanho médio entre 11 e 13 cm, plumagem diversificada, é uma espécie de tentilhão de fácil identificação. Se alimenta de sementes, principalmente sementes de flores e pequenos frutos secos.

Ferro-velho

O ferro-velho (Euphonia pectoralis), também conhecido como gaita, serrador e chicharrinho, apresenta cerca de 12 cm e chega a pesar 17 gramas. O macho exibe as partes superiores em azul-metálico, contrastando com a barriga castanha, enquanto a fêmea é olivácea nas partes superiores e cinzenta nas inferiores. Seu canto é distintivo, marcado por gorjeios roucos, emitidos de forma forte e melodiosa.

Indivíduo macho de Ferro-velho (Euphonia pectoralis). Foto: Eden Fontes/Biofaces.

Quanto ao habitat e distribuição, o ferro-velho prefere áreas de florestas úmidas e bordas de mata, mas também pode ser avistado em áreas abertas com presença de árvores frutíferas. Sua distribuição abrange os estados de Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso e até o Rio Grande do Sul, sendo encontrado também no Paraguai e na Argentina.

Para reprodução, esses tentilhões constroem ninhos em árvores e arbustos, onde a fêmea deposita de 2 a 4 ovos. Uma curiosidade interessante sobre o ferro-velho é o seu nome científico, “Euphonia pectoralis“, que tem origem no grego “euphonia”, significando “som agradável”, e no latim “pectoralis”, referente à mancha amarela no peito do macho. Essa denominação reflete a beleza e a qualidade do canto deste pássaro, não é mesmo?

Nossa plataforma conta com diversos registros incríveis de muitos desses tentilhões, mas novas imagens são sempre bem-vindas. Se você se deparar com um dos tentilhões do Brasil, não esqueça de capturar aquela foto e compartilhar no Biofaces com a gente.

 

Texto por: Juliana Cuoco Badari – GreenBond

Share your thoughts