Animais Fantásticos e Onde Habitam: Conheça o Sapo Tomate

Todo mês um post novo trazendo os melhores lugares para observar os animais fantásticos que habitam o Brasil e o mundo. Hoje, no Dia Mundial do Sapo (20/03), uma data dedicada a celebrar e conscientizar sobre a importância dos anfíbios para os ecossistemas globais. Com mais de 8.400 espécies catalogadas, os anfíbios se apresentam em uma vasta gama de formas, tamanhos e cores. Um de seus representantes mais emblemáticos é o sapo tomate (Dyscophus antongilii), uma espécie endêmica da ilha de Madagascar.  

Taxonomia e Biologia do Sapo Tomate

O sapo tomate, na verdade é uma rã, e ganha destaque entre os anfíbios devido à sua aparência e às suas características biológicas únicas. Pertencente à família Microhylidae, conta com três espécies: Dyscophus antogilii, D. insularis e D. guineti – todas endêmicas de Madagascar.

 

Exemplar de Dyscophus antogilii. Fonte: Mongabay.com

 

Também chamados de sapo-vermelho-gigante, possuem coloração vermelha vibrante, que lhes confere seu nome popular. Apresentam dimorfismo sexual, onde os machos são um pouco menores que as fêmeas, medindo entre 60 a 65 milímetros e possuem uma coloração amarela-alaranjada, em tons menos vibrantes. A fêmea, por sua vez, chega a medir cerca de 90 milímetros e pesar até 200g.

A parte inferior do corpo desses anuros é esbranquiçada. Duas dobras dorsolaterais percorrem suas costas e uma faixa marrom escura se estende de trás dos olhos até cada perna traseira.

 

Foto: Alfeus Liman/Wikipedia.

 

A coloração chamativa funciona como um mecanismo de defesa contra predadores, sinalizando potencial toxicidade. Quando ameaçado, o sapo tomate libera uma secreção tóxica pela pele, que pode ocasionar reações alérgicas.

Seu corpo é arredondado, e diante de ameaças pode aumentar de tamanho. Suas patas dianteiras não são palmadas e a membrana nos membros posteriores não é pronunciada.

Onde encontrar o sapo tomate

O sapo tomate é um exemplo extraordinário da biodiversidade de Madagascar, um país insular conhecido por sua fauna e flora endêmicas.

 

Mapa da Ilha de Madagascar. Em verde claro está destacado o região de distribuição do sapo tomate. Imagem: Biofaces.

 

São encontrados ao longo do cinturão da floresta tropical oriental da Ilha de Madagascar que oferece uma variedade de ambientes que vão desde florestas tropicais úmidas até áreas mais secas. No entanto, o sapo tomate prefere habitats úmidos e quentes, vivendo próximo a corpos d’água quase estagnados, como lagoas e pântanos. 

 

D. insularis, é a esécie menos conhecida do gênero. Foto: Frank Vassen

 

Passam grande parte do dia escondidos sob a lama e o folhiço, e são capazes de ficar horas sem se mover. 

A estação chuvosa é um período crítico para a espécie, pois é quando ocorre a reprodução e os sapos jovens ficam mais vulneráveis. 

 

Quer avistar diferentes espécies de sapos no Brasil? Acesse o link e confira o blog sobre as espécies de sapos carismáticos da Mata Atlântica.

Reprodução

E por falar em reprodução, os sapos tomates se reproduzem em poças de água doce, nos períodos entre janeiro e março. As fêmeas colocam centenas de ovos pegajosos, pretos e brancos, na superfície da água. Cerca de 36 horas depois, emergem girinos transparentes que se alimentam de filtros. 

 

Macho e fêmea durante o amplexo. Foto: adaptado de Amphibian Anark.

 

O desenvolvimento dos girinos dura aproximadamente dois meses e a maturidade sexual é atingida entre os 2 e os 4 anos de idade.

Estado de Conservação 

A contaminação dos recursos hídricos, essenciais para a reprodução do sapo tomate, tem comprometido severamente as comunidades dessa espécie. A degradação e a transformação de seus habitats naturais representam outra ameaça significativa ao seu bem-estar. Paralelamente, a exploração comercial ilegal contribuiu de forma marcante para a redução de suas populações ao longo dos anos.

Atualmente, o sapo tomate é considerado pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) como uma espécie de menor preocupação, uma melhora significativa comparada a classificações anteriores que o listaram como vulnerável e quase em perigo. Essa revisão positiva do status de conservação deve-se à vasta área de distribuição dessa rã e sua habilidade em se adaptar às alterações ambientais.

Dado o histórico de vulnerabilidade da espécie, é crucial que haja um esforço contínuo de monitoramento e vigilância, que permitirá avaliar a situação desses anfíbios ao longo do tempo, minimizando o risco de um declínio populacional no futuro.

 

Foto: Pixabay.

 

No Biofaces, até o momento, contamos com 797 registros de anfíbios, mas nenhum do sapo tomate! Que tal aproveitar a data e se inspirar para planejar uma viagem a Madagascar, com o objetivo de observar o sapo tomate em seu ambiente natural? Além de ser uma experiência única de conexão com a natureza, documentar a vida selvagem e especialmente espécies como o sapo tomate contribui para a conscientização sobre a conservação dos anfíbios e seus habitats.

 

Quer conferir nossa Lista de Espécies? Clique aqui para ver.

 

O sapo tomate de Madagascar espera por você, em uma viagem que promete ser tão fascinante quanto o próprio anfíbio. Ah! E não esqueça de fazer muitos registros e compartilhar com a gente aqui na plataforma.

 

Texto: Juliana Cuoco Badari – Greenbond Conservation.

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