Animais Fantásticos e Onde Habitam: os sapos mais icônicos das Américas

Todo mês um post novo trazendo os melhores lugares para observar os animais fantásticos que habitam o Brasil e o mundo. Neste mês, em homenagem ao Dia Mundial dos Sapos (20/03), vamos falar sobre as espécies icônicas de sapos, rãs e pererecas, que vivem nas Américas. Espécies que você provavelmente gostaria de conhecer e registrar. E para isso, iremos te dar algumas dicas de onde encontrá-los. Continue acompanhando, que essa matéria está super curiosa!

 

Phyllomedusa burmeisteri em São Paulo, Brasil. Foto: Lucas Aosf – Biofaces.

 

Dendrobatídeos: tamanho não é documento!

Vamos começar por um grupo de anfíbios famosos não só nas Américas, como no mundo todo: a família Dendrobatidae. Existem cerca de 200 espécies descritas dessas minúsculas, coloridas e venenosas rãs.

 

À esquerda: Dendrobates leucomelas no Amapá, Brasil. Foto: José Sabino/Natureza em Foco – Biofaces.
À direita: Dendrobates auratus em Puerto Viejo de Talamanca, Costa Rica. Foto: Guto Balieiro – Biofaces.

 

Como essa família encantadora é muito biodiversa e uma espécie é mais cativante que a outra, optamos por falar dos dendrobatídeos de forma geral, pontuando apenas alguns dos mais conhecidos.

Os dendrobatídeos estão distribuídos pelas florestas neotropicais da América Central e do Sul, sendo muitos deles encontrados na Amazônia. Pequenos, o comprimento de um adulto varia em média de 1,5 a 6 cm (para você ter noção, o diâmetro de uma moeda de 50 centavos é 2,3 cm).

 

Perereca-dardo-venenoso-de-três-listras (Ameerega trivittata) no Amazonas, Brasil. Foto: Guto Balieiro – Biofaces.

 

Conhecidos por sua coloração viva associada à sua toxicidade, o que contribui para afastar predadores, esses anfíbios secretam toxinas através da pele. Inclusive, entre eles está um dos animais mais venenosos do planeta: o sapo-ponta-de-flecha-dourado (Phyllobates terribilis), espécie ainda sem registro no Biofaces, que ocorre apenas na Colômbia.

 

Phyllobates terribilis. Foto: Joël Sartore – National Geographic Photo Ark.

 

Uma curiosidade interessante, é que o nome popular “sapo-ponta-de-flecha” se dá devido a uma tradição indígena de mergulhar a ponta do equipamento de caça no veneno do sapo. A batracotoxina (nome dado a toxina de seu veneno) presente em um indivíduo de Phyllobates terribilis de 5 cm, caso ingerida, é capaz de matar o equivalente a 10 homens adultos. É tão forte que as flechas se mantêm potentes por até 1 ano.

Outro anfíbio famoso da família é o sapo-garimpeiro, também conhecido como sapo-boi-azul (Dendrobates tinctorius), com ocorrência nas Guianas, no Suriname e no Brasil. No site, temos 10 fotos da espécie, dentre elas, essa do Willianilson Pessoa no Amazonas:

 

Sapo-garimpeiro (Dendrobates tinctorius) no Amazonas, Brasil. Foto: Willianilson Pessoa – Biofaces.

 

Vale ressaltar que, além de seu pequeno porte, a maioria dos dendrobatídeos têm hábitos terrestres, ficando próximos ao chão. Assim, encontrá-los exige bastante atenção.

O Biofacer Thiago Silva-Soares, que é biólogo e conservacionista, realiza expedições para diferentes biomas, incluindo a Amazônia. Por vezes, ele tem o prazer de ver espécies super chamativas de dendrobatídeos que vivem na região, veja só um dos seus registros:

 

Sapo-ponta-de-flecha da espécie Ranitomeya toraro, em Autazes, Amazonas, Brasil. Foto: Thiago Silva-Soares – Biofaces.

 

Então, uma boa dica caso queira vê-los, é realizar expedições para as florestas tropicais da América do Sul e Central, com uma equipe capacitada. Temos certeza que você irá se surpreender com a quantidade de cores e com o tamanho diminuto deles!

 

Pererecas-macaco

Outra família espetacular de anfíbios é a Phyllomedusidae. As quase 70 espécies de filomedusas são conhecidas por suas pupilas verticais e sua coloração dorsal verde, associada muitas vezes, a uma coloração mais chamativa no ventre.

A distribuição geográfica de cada espécie varia ao longo da América Latina e biofacers já tiveram a oportunidade de encontrar algumas delas. Olha que belo registro da rã-lêmure-alaranjada (Callimedusa tomopterna), espécie com ocorrência da Venezuela à Bolívia, feito pelo Rodrigo Frazão:

 

Rã-lêmure-alaranjada no Amazonas, Brasil. Foto: Rodrigo Frazão – Biofaces.

 

Outros biofacers já se depararam com espécies que só existem no Brasil, como é o caso da Agalychnis granulosa e da Pithecopus gonzagai, que ocorrem no nordeste:

 

À esquerda: Agalychnis granulosa, em Alagoas, Brasil. Foto: Willianilson Pessoa – Biofaces.
À direita: Pithecopus gonzagai, no Rio Grande do Norte, Brasil. Foto: Tiago Felipe – Biofaces.

 

E também, as seguintes espécies do gênero Phasmahyla, que só existem na Mata Atlântica do Brasil:


À esquerda: Phasmahyla cochranae e à direita: Phasmahyla guttata, ambas fotografadas em São Paulo, pelo Lucas Aosf – Biofaces.

 

Diferente dos dendrobatídeos, as filomedusas comumente ficam em árvores e não no chão. A sua coloração verde contribui para uma camuflagem excelente nas folhas.

Apesar de atingirem tamanhos maiores, há também espécies pequenas, como por exemplo, a Phasmahyla cochranae (foto acima), que mede cerca de 3 a 4,5 cm. Portanto, para vê-las é necessário muita atenção.

 

Sapos-arlequins

O gênero Atelopus, da família Bufonidae, contempla cerca de 100 espécies, que estão distribuídas da Costa Rica à Bolívia, em áreas com riachos de água limpa, normalmente em ecossistemas de altitude.

Os animais do grupo, assim como os dendrobatídeos, apresentam porte pequeno, de 2 a 6 cm, colorações super chamativas e não são fáceis de encontrar! Apenas 3 biofacers já tiveram a sorte de registrá-las e ainda, na região amazônica do Brasil.

 

Atelopus sp. À esquerda: foto de Dayse Ferreira – Biofaces, no Amapá e à direita foto de Andréa Barreto – Biofaces, no Pará.

 

Infelizmente, mais de 75% do gênero está ameaçado de extinção. Pensando em promover a conservação da espécie, separamos essa linda matéria da National Geographic sobre importantes projetos visando a sua conservação.

 

Pererecas-de-vidro

Dois indivíduos no Amapá, Brasil. Foto: Fogo Telatin – Biofaces.

 

Para finalizar o texto, entre tantos outros anfíbios curiosos que poderíamos falar, escolhemos as pererecas-de-vidro (Hyalinobatrachium iaspidiense). Elas se opõem a todos os outros que mostramos, chamando atenção não por suas cores, mas pela falta delas. São tão transparentes, que é possível enxergar até mesmo seus órgãos através de sua pele.

 

Hyalinobatrachium iaspidiense, no Mato Grosso, Brasil. Foto: Juliano Tupan – Biofaces.

 

As pererecas-de-vidro ocorrem na América do Sul e apresentam apenas 2,5 cm de comprimento quando adultas. No Biofaces temos apenas 5 cliques desses anfíbios, distribuídos nos estados do Amazonas, Pará, Amapá e Mato Grosso.

 

Dia Mundial dos Sapos

O Dia Mundial dos Sapos foi criado em 2009 visando trazer ao público mais informações sobre esses animais, que sofrem com várias ameaças. Infelizmente, cerca de 30% das mais de 8.500 espécies de anfíbios espalhadas pelo mundo estão ameaçadas de extinção. Entre as causas, estão a perda e destruição de habitat, a poluição da água, a introdução de espécies não nativas, as mudanças climáticas e doenças, especialmente a quitridiomicose, causada pelo fungo quitrídio. Além disso, eles sofrem com vários mitos e foi pensando em desmistificar os principais, que fizemos uma matéria só sobre esse assunto!

Falando em 8.500 espécies de anfíbios… aproveitamos para dizer que no Biofaces já temos 712 espécies cadastradas, ou seja, mais de 8% do número total de espécies do planeta. Um dado muito animador!

No último ano, mostramos um pouco dessa diversidade, em uma listagem com 10 registros incríveis de diferentes espécies, que ganharam o prêmio de Foto da Semana. Clica aqui para ver. 

Esperamos que essa matéria tenha te inspirado a conhecer novos anfíbios e torcemos para que vocês tenham a oportunidade de ver e registrar vários deles por aí, ajudando no crescimento do nosso banco de dados e contribuindo com a conservação!

 

Texto por: Jéssica Amaral Lara

Revisado por: Juliana Cuoco Badari

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