Resistência e Conservação: projetos que você precisa conhecer

Tem assunto melhor do que gente fazendo que faz a diferença? Não né. 

Pensando nisso, hoje o Biofaces te convida a conhecer algumas feras que lutam pela conservação dos animais. Nós temos uma imensa admiração por cada um desses trabalhos e vamos contar um pouquinho dessa trajetória de resistência. 

Vem com a gente se inspirar!

Projeto Tatu-canastra

De aparência pré-histórica, o tatu-canastra (Priodontes maximus) tem um tamanho um tanto quanto avantajado: chega a até um metro e meio de comprimento e a cinquenta quilos! Dá pra imaginar um bichão desses?

Conta uma armadura típica de tatu e garras que chegam a 20 centímetros – ainda maior que a do seu parente, o tamanduá-bandeira. Era de se esperar que fosse um animal muito conhecido,não é mesmo? Mas não. O tatu-canastra continua uma incógnita para a zoologia moderna. E como um gigante desses consegue passar despercebido? Devido aos seus hábitos noturnos, solitários e por passar a maior parte de sua vida dentro dos seus imensos túneis.

Em busca de preencher essa lacuna do conhecimento, o Projeto Tatu-canastra estuda essa espécie há mais de 10 anos. A equipe, com base no coração do Pantanal, tem conduzido o primeiro estudo em longo prazo desses discretos animais.

Estudo este que já rendeu muitas descobertas: agora sabemos que a gestação do tatu-canastra ocorre a cada 3 anos, durando 5 meses e com nascimento de apenas um filhote. A equipe do projeto também descobriu que o tatu apresenta atividade por 5 horas durante a noite, movimentando-se por aproximadamente 2 quilômetros.

O tatu-canastra também recebeu o título de “engenheiro do ecossistema”. Isto devido ao seu hábito de escavar, que acaba criando abrigos para 70 outras espécies. No Instagram do projeto (@projetotatucanastra), é possível acompanhar pelas câmeras de monitoramento as espécies beneficiadas, além de curiosidades incríveis sobre esses tímidos animais.

Quer saber mais? O projeto é também parceiro do Biofaces. Em seu perfil é possível acompanhar seus registros incríveis e em seu site podemos seguir todas as novidades dessa espécie fascinante.

Projeto Cachorro-vinagre

O cachorro-vinagre (Speothos venaticus) é um dos menores canídeos brasileiros, com aparência bem distinta de seus parentes. Com o corpo atarracado, tem pernas, cauda e orelhas curtas, podendo chegar aos 30 centímetros de altura e pesar 8 quilos. É o único canídeo brasileiro que vive e caça em grupo e é uma das espécies que se aproveita das tocas de tatus para fazer ninhos.

Mais um discreto do reino animal, o cachorro-vinagre é dificilmente avistado. A bióloga Beatriz Beisiegel, que trabalha com a espécie há mais de 20 anos, relatou apenas 5 registros desses animais durante todo esse tempo. Inclusive, nós escrevemos sobre um desses raros registros, que você pode conferir aqui.

Como resultado de tanto mistério, o cachorro-vinagre é uma das espécies de canídeos neotropicais de que se têm menos informações. Com isso em mente, surgiu o Projeto Cachorro-vinagre, o primeiro estudo a gerar dados de monitoramento da espécie. Os dados gerados permitiram verificar informações a respeito de seus grupos, habitats e comportamento.

Com os frutos obtidos por esse projeto, já foi possível fazer a avaliação do risco de extinção destes canídeos e elaborar o plano de ação para a sua conservação, atualmente em andamento. O Biofaces tem orgulho de fazer parte dessa história, oferecendo apoio às pesquisas dessa espécie de que se sabe tão pouco.

Se interessou? Você pode acompanhar mais registros no perfil do projeto aqui no Biofaces, ou ler mais a fundo sobre o projeto nesse outro texto que fizemos. 

Instituto Espaço Silvestre

O Instituto Espaço Silvestre é uma ONG que atua há mais de 20 anos pela conservação dos animais silvestres. O instituto possui vários projetos em diferentes áreas, que têm em comum a preocupação com ciência, educação e bem-estar dos animais. Vem conhecer alguns de seus projetos.

Silvestres SC

Através do Programa Silvestres SC, a equipe do Espaço Silvestre co-gere, em parceria com o Instituto do Meio Ambiente (IMA), o Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) de Florianópolis/SC. 

Os CETAS são estabelecimentos que recebem animais silvestres vítimas de conflitos com humanos, como tráfico, atropelamentos, ataques de animais domésticos entre outros. No CETAS é feita a reabilitação física e comportamental para que os animais consigam retornar à natureza.

O Espaço Silvestre atua apoiando a reabilitação e fazendo solturas responsáveis, com monitoramento posterior. Um dos exemplos mais emblemáticos que o instituto fez parte é o projeto de reintrodução do papagaio-de-peito-roxo, que vamos abordar logo abaixo.

Reintrodução do Papagaio-de-peito-roxo

O Projeto de Reintrodução do Papagaio-de-peito-roxo é um exemplo de sucesso de reintrodução de espécies em áreas que estavam extintas.

Extinto há séculos do Parque Nacional das Araucárias (SC), o papagaio-do-peito-roxo (Amazona vinacea) teve sua reintrodução neste habitat natural iniciada em 2010. Os animais, advindos do CETAS-SC, foram reabilitados, soltos e monitorados nessa área. 

Foi comprovado o sucesso de sua reabilitação e reintrodução, com 186 indivíduos que conquistaram a liberdade até o momento. Mas o instituto planeja a maior soltura desde o início do projeto, para ocorrer ainda esse ano. 

Quer saber mais sobre esse projeto? Já fizemos um texto só sobre ele, que você pode encontrar aqui.

Chalana Esperança

Com surgimento no maior incêndio do Pantanal, o Projeto Chalana Esperança foi uma iniciativa criada por mulheres que se uniram para lutar pela conservação desse bioma. O projeto conta com ações de educação ambiental, divulgação científica, ações socioambientais com a comunidade local e produção de material educativo.

O projeto também está atuando na construção de um espaço educativo, o Memorial do Fogo, cujo nome já passa a ideia principal. O espaço será local de conscientização e de memória da maior tragédia ambiental ocorrida no Pantanal.

Não só o fogo é foco, o projeto também realizou ações voltadas para os riscos que as estradas representam. Foram instaladas placas ao longo das estradas, a fim de prevenir os atropelamentos tão comuns na área.

Para ficar por dentro desse projeto incrível, você pode acompanhar o instagram da Chalana Esperança (@chalanaesperanca) e se inspirar.

Aves de Noronha

O Projeto Aves de Noronha atua com a maior riqueza de avifauna marinha do Brasil, em Fernando de Noronha (PE). Através do Aves de Noronha, a pesquisa, a educação, a ciência cidadã e o turismo sustentável se fazem presentes na ilha.

O projeto envolve os turistas e a comunidade local em ações educativas e de observação de aves, além de realizar o monitoramento da avifauna local. Para acompanhar as ações desse projeto e descobrir mais sobre as aves de Noronha, siga o instagram do projeto (@avesdenoronha).

Ufaa

Com um repertório longo de ações de conservação, o que não falta no Biofaces é o orgulho em fazer parte da história do Espaço Silvestre. Presente também aqui, na nossa comunidade, você pode acompanhar seus registros no perfil do instituto, e seu trabalho através do site oficial ou do seu instagram (@espacosilvestre).

É sempre bom ver que existem pessoas que se preocupam tanto com a rica fauna brasileira quanto a gente, não é? Esperamos que esses trabalhos incríveis encham seu coração de esperança tanto quanto o nosso. E que tal ajudar esses projetos? Compartilhar nossos parceiros ajuda na divulgação dessas ações tão importantes, contamos com você!

Texto por Lidiane Nishimoto

Revisado por Fernanda Sá