Animais Fantásticos e onde Habitam: Albatroz

Todo mês um post novo trazendo os melhores lugares para observar os animais fantásticos que habitam o Brasil e o mundo. Os escolhidos desse mês são os albatrozes, o grupo de aves mais ameaçado de extinção do planeta. Afinal, em junho, especificamente 19/06, comemora-se o Dia dos Albatrozes!

Esses animais possuem habilidades e adaptações incríveis que permitem que eles deem a volta ao mundo! Se você deseja saber mais sobre a biologia e ameaça dessas espécies, continue acompanhando por aqui.

 

Quem são esses animais?

Albatroz é o nome dado a um grupo de aves marinhas que pertencem à ordem Procellariiformes e família Diomedeidae, na qual se agrupam as maiores aves voadoras do mundo. 

 

Foto: internet.

 

Os indivíduos dessa espécie possuem o corpo recoberto por uma espessa camada de penas, que lhes garantem a leveza para voar e a proteção contra o frio.

Além disso, contam com uma glândula próxima à cauda que lhes fornece um óleo lubrificante e impermeabilizante às suas penas, permitindo que façam breves mergulhos no mar sem se molhar..

Nas patas, possuem membranas entre os três dedos que formam uma espécie de nadadeira. Essa adaptação é utilizada por eles, principalmente durante o voo, tanto para direcioná-lo, como para aterrissar e decolar. 

 

Foto:  Júlia Finger

 

As suas asas são leves, estreitas e extremamente fortes. Em algumas espécies, o tamanho de uma ponta da asa a outra pode medir até 3,5 metros. Não à toa, são conhecidas como uma das maiores aves voadoras do mundo.

 

Uma ave migratória…

Uma característica peculiar dessas espécies é que diferentemente das demais aves, o seu voo não é realizado com o bater de suas asas. Elas vivem a maior parte de suas vidas ao longo do oceano e viajam, em média, 700 km por dia. 

 

Albatroz-de-sobrancelha em alto mar. Foto: George Strozberg – Biofaces

 

Você imagina a energia que demandaria para percorrer tão longas distâncias batendo asas? Pois é. A verdade é que os albatrozes aproveitam as fortes correntes de ar da Antártica para planarem e assim, sobrevoarem toda a parte sul do globo terrestre!

 

Rota percorrida por algumas das espécies de albatrozes. Foto: Projeto Albatroz.

 

Do que se alimentam?

Como vocês viram, essa ave passa a maior parte em mar aberto e por isso, é ali mesmo que se alimenta. No seu cardápio, estão variadas espécies de peixes e especialmente, lulas – seu prato predileto.

O seu olfato aguçado permite, ainda que em pleno voo, sentir o cheirinho da sua próxima presa. Com a ajuda de seu bico afiado e forte que se assemelha a um anzol, prepara o bote e tem um cuidado minucioso para não errar, uma vez que o seu alimento é bem escorregadio e pode escapar. 

 

Foto: Mundo ecologia.

 

No mar, não lhe resta nenhuma fonte de água doce, somente água salgada. Por isso, assim como outras aves marinhas, possuem uma glândula que excreta o excesso de sal por meio de um líquido expelido pelas narinas. 

 

Reprodução

Entre 6 a 10 anos de idade, as variadas espécies de albatroz atingem a maturidade sexual. Então, no período de inverno, voam até as ilhas do sul para acasalar e montar seus ninhos. Essas ilhas são conhecidas como ninhais, e existem diversas delas em algumas regiões do mundo. Nessa época, esses locais acolhem milhares de albatrozes que formam grandes colônias.

 

Um dos ninhais dos albatrozes. Foto: Ana Maria.

 

Quando chegam lá, aqueles que irão se reproduzir pela primeira vez, colocam a sua dança e vocalização em ação para conquistar a fêmea que será sua parceira para o resto da vida. 

Os mais velhos, por sinal, farejam seus companheiros ansiosos pelo reencontro, já que não se veem há longos meses. Todo esse tempo se explica pelo ciclo reprodutivo da espécie, que acontece a cada 2 anos. Eles só ficam juntos durante essa temporada, depois, se separam para vagar livremente até que chegue a próxima e vivam mais uma história apaixonante.

 

Casal de albatrozes-de-sobrancelha em Steeple Jason, no noroeste das Ilhas Malvinas. Foto: 100 dias por toda América.

 

Cuidado Parental

Depois de chocado o ovo, finalmente nasce o fruto do amor dos albatrozes: um único filhote. Aqui, inicia-se uma longa fase de intenso cuidado dos pais para com ele, que gastam todas as suas energias para garantir a sobrevivência da sua prole e assim, transmitir os seus genes à próxima geração. 

 

Foto: Projeto Albatroz.

 

Por um ano, o macho e a fêmea se revezam igualmente nesse cuidado, sem nunca deixá-lo sozinho. Enquanto um sai em busca de alimento, o outro supervisiona o filhote. Quando o primeiro deles chega, regurgita os pescados na boca do pequeno e repete essa ação até que ele esteja apto para conquistar o seu próprio alimento.

Assim, vivem os albatrozes por cerca de 80 anos na natureza!

 

Foto: Projeto Albatroz.

 

Ameaças

Infelizmente, a situação desses animais incríveis é muito preocupante. Existem 22 espécies de albatrozes, sendo que 17 delas estão ameaçadas de extinção segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Esse triste número, garante a eles a fama de grupo de aves mais ameaçadas dos planetas.

Você deve estar se perguntando agora, quais são as causas para tudo isso… e pois bem, a maior delas é a pesca por linha de espinhel. Para a pesca de peixes como atum, os barcos lançam no mar, cerca de 90 km de linha, com mais de 1.200 anzóis com iscas de lula.

Mas se lembram da comida preferida dos albatrozes e do seu olfato aguçado? Pois é!

 

 

Atraídos pelo cheiro, milhares de albatrozes começam a seguir esses barcos e na tentativa de se alimentar dessa comida fácil, acabam se enroscando no anzol, afundando e se afogando. Quando os pescadores tiram a linha, já é tarde demais…

 

foto: Dimas Gianuca

 

Aqui no Brasil, podemos contar com um projeto lindíssimo que vem estudando, por mais de 30 anos, medidas mitigadoras para impedir que essa interação prejudicial aconteça, o Projeto Albatroz  – patrocinado pela Petrobras.

Além disso, os profissionais que atuam nessa projeto trabalham incessantemente para uma sensibilização eficaz da sociedade quanto à importância desses animais para o equilíbrio marinho. Dentre as diversas conquistas de todo esse empenho está a saída do albatroz-sobrancelha-negra da lista de espécies ameaçadas de extinção do ICMBio.

Como eu posso ajudar?

Além da pesca, outro fator que tem afetado a vida dessas aves é o plástico. Estes resíduos mal descartados acabam parando no mar e muitas vezes, nos ninhais. Os adultos, vez ou outra, acabam confundindo esse lixo com comida e ao regurgitar na boca do filhote, o estômago deste se enche, o intestino trava e eles morrem de fome!

 

Filhote de albatroz alimentado por plástico pelos pais. Foto: Foto: Chris Jordan

 

Por isso, repense o seu consumo de plástico: será que você pode substituí-los por outros produtos que não sejam de uso único e assim, gerar menos lixo?

 

Onde posso encontrá-los?

Se você acha que avistou um albatroz na praia, você se enganou! Muito provavelmente, era uma gaivota. Lembram? Eles vivem no alto mar, bem longe da costa.

Eles são considerados da fauna brasileira porque no inverno, principalmente, passam pelo nosso território marinho e área de pesca, que são bem longe do litoral, o que torna difícil o seu avistamento, mas não é impossível.

Se você realmente anseia por esse encontro, pode se aventurar em uma viagem de barco por cerca de 4 dias para chegar há centenas de quilômetros da costa, onde eles sobrevoam. Mas é mais garantido que você os conheça visitando o arquipélago de Abrolhos aqui no Brasil ou ainda, um dos ninhais das espécies, como por exemplo, o do Albatroz-de-sobrancelha-negra localizado nas Ilhas Malvinas.

Mas não se esqueça: se encontrá-los, não deixe de compartilhar conosco aqui na plataforma, onde já temos 44 lindos registros. 

 

Texto por Aléxia Ferraz

Revisado por Jéssica Amaral Lara

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