Animais fantásticos e onde habitam: Aves-do-paraíso

Diretamente da ilha de Nova Guiné e outras ao redor, vive uma das famílias das aves mais exuberantes do planeta: as aves-do-paraíso. Cores chamativas, penas adornadas, comportamentos surpreendentes e muito mais, vem conferir!

Todo mês o Biofaces traz um post novo com os melhores lugares para observar os animais fantásticos que habitam o Brasil e o mundo, e hoje trazemos vários fatos curiosos sobre essas criaturas tão peculiares.

 

Cicinnurus respublica. Foto: Tim Laman – National Geographic Portugal

 

Anjos caídos

Aves da família Paradisaeidae, existem mais de 40 espécies das chamadas aves-do-paraíso. Nativas de ilhas de difícil acesso, essas aves só foram “descobertas” no início do século 16, na época das grandes navegações. O português Fernão de Magalhães, ao fazer uma expedição, parou por ilhas entre a Indonésia e a Oceania, hoje conhecida como Ilhas Molucas, onde recebeu dos nativos uma ave empalhada. O que chamava a atenção nessa ave era sua plumagem colorida, e duas características muito singulares: não tinha asas nem pés.

Mais peculiar que estas características é a explicação dos nativos para tais. Acreditava-se que as aves planavam apenas utilizando suas penas, alimentando-se do orvalho presente nas nuvens e do “néctar” vindo da luz do sol, sem necessidade de pousar, ou seja, sem precisarem de asas ou pés. Ao morrerem, essas aves míticas, como anjos caídos, vinham para o plano terrestre, mas vivas estavam junto aos deuses no paraíso. E é daí que vem o nome das famosas aves-do-paraíso.

 

Retratação de uma ave-do-paraíso. Ilustração: Ulisse Aldrovandi – Ornithologiae (1599)

 

Não só isso, mas uma de suas espécies também herdou o nome dessa história, a grande-ave-do-paraíso (Paradisaea apoda) tem apoda em seu nome, que significa sem pés.

Foi só no século 17 que outra expedição chegou à ilha de Nova Guiné, onde os animais foram vistos vivos, que a verdade veio à tona. Os nativos de Nova Guiné caçavam as aves, retiravam as penas para uso em enfeites e rituais, cortavam os pés para evitar que fossem infestados por insetos e os empalharam para usar em trocas. Elas já chegavam às outras ilhas dessa forma e, por isso, a mitologia por trás desses animais foi tão duradoura.

 

Plumagem exuberante

Com grande diversidade entre as espécies, as aves-do-paraíso variam em cores, tamanho, forma e comportamentos. O tamanho vai desde os 15 centímetros até mais de 1 metro, as cores de sua plumagem vão desde um azul vibrante a um preto tão escuro que absorve quase 100% da luz que o atinge.

 

Lophorina superba. Foto: Tim Laman – National Geographic Brasil

 

No entanto, apesar de apresentar penas tão vistosas, essa característica é, na maioria das vezes, reservada aos machos. O dimorfismo sexual, ou seja, diferenças notáveis entre fêmeas e machos, é expressivo nas espécies de aves-do-paraíso. Enquanto os machos apresentam cores e padrões imponentes, as fêmeas costumam ter penas amarronzadas ou acinzentadas.

 

Casal de Paradisaea decora. Foto: Tim Laman – Birds-of-Paradise Project

 

Algumas poucas espécies possuem machos e fêmeas quase idênticos, geralmente com plumagens mais modestas. Estas tendem a ser espécies monogâmicas, enquanto as com dimorfismo sexual costumam ter vários parceiros ao longo da vida.

Flerte complexo

Com fêmeas exigentes, os machos de aves-do-paraíso precisam se dedicar para conquistar uma parceira. Posições para otimizar a cor de suas penas, sons que vão desde melodias elaboradas a sons que não parecem nem um pouco vir de aves e mudança de forma com o auxílio de suas plumagens são exemplos de estratégias de cortejo encontradas pelos machos em busca da atenção das fêmeas.

 

Paradisaea rubra posando para alterar sua forma. Foto: Birds-of-Paradise Project

 

Uma das danças de cortejo mais complexas do reino animal é de uma espécie de ave-do-paraíso, a Parotia-de-carola (Parotia carolae). O macho precisa passar por cinco passos de dança introdutórios antes de começar o evento principal, chamado de “dança da bailarina”, onde exibe o seu “tutu”. Tudo isso enquanto é observado por cerca de cinco fêmeas. Ficou curioso? Essa performance incrível você pode conferir aqui.

 

Fêmeas e macho de Parotia carolae. Foto: Tim Laman – eBird

 

Onde encontrar

A maioria das espécies são nativas da ilha de Nova Guiné e Papua-Nova Guiné. Assim, a ilha é com certeza o principal destino para quem busca ver esses animais em vida livre.

Para ter uma breve visão do que te espera, recomendamos esse pequeno tour narrado pelo Sir David Attenborough, onde é possível ver alguns comportamentos das incríveis aves-do-paraíso.

 

O Biofaces está em busca de registros desses animais fantásticos, que tal começar a planejar a próxima viagem? Só não esquece de compartilhar tudo em nossa plataforma!

 

Texto por Lidiane Nishimoto

Revisado por Jéssica Amaral Lara

 

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