Parques do Mundo: Conheça o Parque Estadual Carlos Botelho

Todo mês, o Biofaces aborda lugares do mundo, ambientes singulares, ricos em biodiversidade e logo, ótimos para fotografar a vida selvagem. Neste mês, iremos falar do Parque Estadual Carlos Botelho do bioma da Mata Atlântica, que abriga a maior população de Muriquis-do-Sul (Brachyteles arachnoides) do Brasil.

O Parque Estadual Carlos Botelho (PECB) é uma importante reserva biológica de Mata Atlântica, reconhecida pela UNESCO em 1991 como Patrimônio Mundial Natural, junto ao Mosaico de Paranapiacaba. Abriga uma enorme biodiversidade, onde há registradas mais de 380 espécies de aves, milhares de invertebrados, além de 70 espécies de anfíbios, 62 de mamíferos, 56 de peixes, 31 de répteis e mais de 1.110  vegetais. 

Por isso, sua importância ecológica é inegável, sem contar que o lugar esplêndido e repleto de vida selvagem a ser fotografada. 

Fica até o final para conhecer melhor o parque e entender o que pode ser encontrado por lá.

 

O Parque

O PECB foi fundado em 1982 e possui mais de 38 mil hectares de preservação de floresta, constituindo uma unidade de conservação na categoria área de proteção integral do bioma Mata Atlântica. Foi criado para preservar a biodiversidade riquíssima do bioma, já que a Mata Atlântica é uma das maiores prioridades na conservação do mundo todo devido a tamanha relevância.

 

Trilha acessível no PECB / Foto: Governo de São Paulo.

 

É considerado um dos maiores refúgios de vida silvestre do sudoeste de São Paulo, assim, funciona como um enorme corredor ecológico do bioma, pois interliga trechos muito importantes de Mata Atlântica.

Esses trechos estão localizados entre os municípios de São Miguel Arcanjo, Capão Bonito, Sete Barras e o Mosaico de Paranapiacaba, onde se concentra um dos maiores contínuos de Mata Atlântica do mundo. 

O motivo de ser um enorme corredor ecológico é que o Mosaico de Paranapiacaba apresenta outros parques que mantêm a conexão com o PECB, como o Parque Estadual Intervales, Nascentes do Paranapanema, o Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (PETAR) e a Estação Ecológica de Xitué, com um total de 138 mil hectares.

 

Parque Estadual Carlos Botelho – Serra da Macaca / Foto: Rafael Beccheri Cortez.

 

Além disso, lá também são encontradas duas bacias hidrográficas que auxiliam o parque, o Alto do Paranapanema e o Vale do Ribeira, sendo estas doadoras ao PECB, e abrigo  de diversas nascentes de rios.

 

Biodiversidade 

O fato da Mata Atlântica ser um dos biomas mais ricos em ecossistemas, o faz ser um dos locais com maior diversidade biológica de fauna e flora do mundo, possuindo alto grau de espécies endêmicas

Com isso, já podemos imaginar a riqueza que o PECB possui, principalmente devido o fato de sua vegetação ainda apresentar florestas primárias (nunca tocadas pelo ser humano). 

 

Benedito-de-testa-amarela (Melanerpes flavifrons) no PECB / Foto: Rafael Del Prete – Biofaces.

 

É possível encontrar espécies vegetais que foram muito exploradas e que hoje estão ameaçadas de extinção, como por exemplo, o palmito-juçara (E. edulis). Além de espécies, como o jacatirão (T. trichopoda), manacá-da-serra (T. mutabilis), quaresmeira (T. granulosa), aroeira-brava (L. molleoides) e muitas outras.

Toda essa diversidade vegetal, caracteriza a riqueza da fauna local. Lá, é possível avistar diversos mamíferos, sendo os gambás (Didelphis spp.), macacos-pregos (Sapajus nigritus), cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), quatis (Nasua nasua) e o veado-catingueiro (Mazama gouazoubira), os que apresentam mais chances de avistamento.

 

Veado-catingueiro que pode ser avistado no parque / Foto: Maurício Godoi – Biofaces.

 

Assim como, uma infinidade de aves, como o araçari-banana (Pteroglossus bailloni), tucanos (Ramphastos spp.), gavião-pombo (Buteogallus lacernulatus) e surucuás (Trogon spp.).

 

Tucanos-do-bico-verde no PECB / Foto: Rafael Del Prete – Biofaces.

 

Também é possível avistar os macucos (Tinamus solitarius), tangarás (Chiroxiphia caudata), maria-leque-do-sudeste (Onychorhynchus swainsoni) e muitos outros. 

 

Maria-leque-do-sudeste que pode ser encontrada no PECB / Foto: Sérgio Trevisan – Biofaces.

 

Além disso, há muitos outros animais a serem avistados, como os bugios (Alouatta clamitans), as antas (Tapirus terrestris), tamanduá mirim e o bandeira (Tamandua tetradactyla e Myrmecophaga tridactyla), o mico leão preto (Leontopithecus chrysopygus) e o muriqui-do-sul (Brachyteles arachnoides), ambos primatas em perigo de extinção.

 

Mico Leão Preto que pode ser avistado no parque / Foto: Ananda Porto – Biofaces.

 

Para garantir que sua experiência no parque seja completa sugere-se a contratação de um guia, pois eles conhecem bem a área, e com isso, também irão te instruir sobre os melhores horários para os avistamentos. Mas, é sempre importante lembrar que quando se trata de observação da vida selvagem nada é 100% garantido.

 

Muriquis e o Turismo Ecológico

Os muriquis-do-sul junto aos do norte (Brachyteles spp.) são os maiores primatas das Américas e endêmicos da Mata Atlântica, infelizmente, encontram-se ameaçados de extinção devido ao desmatamento, fragmentação das florestas, mas principalmente, devido a caça, que ainda persiste dentro das unidades de conservação. Para saber mais sobre estes primatas, clique aqui.

No PECB é onde se encontra a maior população de muriquis-do-sul no Brasil. Atualmente, há uma estimativa de que existam 1.400 indivíduos no local. 

Há anos as estimativas mostraram que existiam somente 1.300 indivíduos, porém novos levantamentos sugerem que há 1.400 indivíduos somente no PECB, demonstrando que a população pode estar aumentando. 

 

Fêmea de Muriqui com seus filhotes gêmeos no PECB / Foto: Rafael Del Prete – Biofaces.

 

Existem algumas agências de turismo que levam a observação destes primatas com 100% de certeza, pois os guias acompanham um determinado grupo até sua árvore de dormida. 

Alguns dos nossos biofacers realizaram o passeio com a Monkey Safari Tur, a Giovanna Leite, Rafael del Prete, Paulo Dimas Mascaretti e a Carolina Prange.

A Giovanna conta como foi: “O passeio começou bem cedo, próximo às 5h da manhã, pois fomos atrás dos muriquis antes mesmo deles acordarem, assim caminhamos por trilhas mata adentro até a árvore que os primatas estão descansando. Quando eles acordam, o guia vai os seguindo e vamos acompanhando os animais”.

 

Muriqui com seu filhote no PECB / Foto: Paulo Dimas Mascaretti – Biofaces.

 

Segundo seu depoimento, é uma oportunidade única de poder observá-los em vida livre, se alimentando e com seus filhotes. Além disso, esse tipo de turismo contribui com sua conservação.

 

 

Localização

O parque fica localizado em São Miguel Arcanjo – SP, na Rodovia SP 139, km 78,4  – Abaitinga, a 3 horas da capital do estado.

 

Localização do PECB / Foto: Google Maps

 

O horário de funcionamento do parque é das 9h às 16h, de segunda a domingo. É necessário agendar a sua visita direto no site e pagar uma taxa de entrada de R$19 para realizar os passeios sem guia ou ainda, contratar guias especializados para realizar outros tipos de atividades por valores a parte. 

Além disso, para saber mais você pode entrar em contato direto por e-mail (pe.carlosbotelho@fflorestal.sp.gov.br).

É interessante saber que o local conta com algumas trilhas acessíveis a pessoas com algum tipo de deficiência. 

Então, se programe para conhecer o local, leve sua câmera fotográfica, pois a chance de avistamento de muriquis é altíssima. Vai perder essa oportunidade?!

 

Texto por: Giovanna Leite Batistão

Revisado por: Juliana Cuoco Badari

 

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