Animais Fantásticos e onde Habitam: Gato-palheiro

Todo mês um post novo trazendo os melhores lugares para observar os animais fantásticos que habitam o Brasil e o mundo. Em homenagem ao Dia do Pampa, comemorado em 17 de Dezembro, viemos falar de um animal raro que é típico do bioma: o gato-palheiro.

 

Foto: Roberta Coelho – Fazenda San Francisco Pantanal Sul – Biofaces.

 

Mas antes de iniciarmos, vale relembrar a importância do bioma nesta data tão especial. Restrito ao Estado do Rio Grande do Sul, mas não ao Brasil, o Pampa pode parecer pouco diverso com seu predomínio de campos nativos, mas, na realidade, possui uma rica biodiversidade. Um bom exemplo é o número de espécies de aves, que somam cerca de 480, além de apresentar  mais de 100 espécies de mamíferos. Além disso, é considerado patrimônio natural, genético e cultural. 

Por tamanha importância, fizemos um outro texto só sobre ele, onde trouxemos dicas de várias Unidades de Conservação onde é possível ver de perto o Pampa e registrar a vida que ele abriga. Clica aqui para ler

 

Voltando aos gatos-palheiros… há uma ou mais espécies?

Foto: Fazenda San Francisco Pantanal Sul – Biofaces.

 

A taxonomia dos gatos-palheiros está em revisão pelo Grupo de Especialistas de Felinos da IUCN SSC. Até então, pela IUCN, são tratados como uma espécie: Leopardus colocolo; com divisões em subespécies, o que é suportado por análises genéticas das mesmas, que mostra que há sim diferenças, mas não a ponto de separá-los em diferentes espécies. 

Por outro lado, há propostas que sugerem a divisão da espécie em até 6. Uma delas, com base em características morfológicas, indica três, todas no gênero Lynchailurus: L. colocolo, L. pajeros e L. braccatus

Outra proposta, específica sobre os gatos-palheiros do Brasil, com base em análises morfológicas, genéticas e ecológicas, aponta duas espécies no país: Leopardus braccatus e Leopardus munoai, divisão que é muito adotada. 

A título de curiosidade, vale comentar que no Brasil Central, por meio de análises moleculares, foi observada uma zona de hibridização, ou seja, de cruzamento entre duas espécies diferentes, de gato-palheiros com gato-do-mato (Leopardus tigrinus). Bem curioso, não é mesmo?!

 

Características

Os gatos-palheiros ou gatos-dos-pampas possuem de 3 a 4 kg e medem de 65 a 112 cm, contando com sua cauda curta (cujo comprimento corresponde a 50% da medida do corpo). 

 

Foto: Felipe Peters – Biofaces.

 

No geral, eles possuem pelos longos de coloração marrom-amarelado, com uma faixa negra de pelos compridos nas costas. 

 

Foto: Cassio Corradi – Biofaces.

 

A grande marca da espécie são as 2 ou 3 listras negras em suas patas, que podem lembrar uma bota preta. É aqui que entra uma grande diferença de morfologia entre as populações do Brasil: a população do Pampa (L. c. munoai ou ainda L. munoai) possui uma coloração mais pálida em relação às demais populações brasileiras do Pantanal e Cerrado (L. braccatus), principalmente no que se refere às manchas nas patas, que não são tão visíveis e não formam as botas negras completas nos indivíduos do Pampa. 

 

Foto: Dirceu Rodrigues – Biofaces.

 

Ainda sobre sua coloração, vale comentar que há indivíduos melânicos, como  indivíduo na foto abaixo, que foi registrado pelo biofacer Diones Sales no Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema, no Mato Grosso do Sul:

 

Foto: Diones Sales – Biofaces.

 

Hábitos e comportamentos 

Como os demais felinos, os gatos-palheiros são carnívoros. Alimentam-se principalmente de pequenos mamíferos e aves, além de répteis e insetos.  

A sua atividade ao longo do dia varia com o tipo de ambiente e de acordo com a composição da comunidade de carnívoros do local onde se encontra. Embora sejam tratados muitas vezes como crepusculares e noturnos, no Parque Nacional das Emas foram registradas atividades predominantemente diurnas. 

 

Aparição diurna no Parque Nacional das Emas. Foto: Ana Luzia Souza Cunha – Biofaces.

 

São solitários e normalmente o avistamento de mais de um indivíduo, trata-se de uma mãe com seu filhote. Falando em filhotes, esses animais podem gerar de um a três, em uma gestação, que pode durar de 80 a 85 dias. 

 

Mãe com seu filhotão. Foto: Caio Sarmento Belleza – Biofaces.

 

As informações sobre esses animais são escassas, visto serem uma das espécies de felinos neotropicais mais raras e pouco estudadas.

 

Ameaças

Perda/modificação de habitat, atropelamentos e caça por cães e seres humanos, por retaliação por predarem aves de criação (galinhas) são ameaças relevantes aos gatos-dos-pampas.

De acordo com a IUCN, as suas populações estão reduzindo e eles são considerados quase ameaçados de extinção. Já na lista brasileira de espécies ameaçadas, do ICMBio, eles são considerados ameaçados, na categoria Vulnerável (VU).

 

Onde vivem = onde encontrá-los

Eles ocorrem na América do Sul, possivelmente na Colômbia e em todos os países que estão abaixo do país Equador. Embora sua distribuição geográfica seja ampla, os gatos-palheiros são raros em quase toda a sua área de ocorrência, sendo muito difícil encontrá-los

 

Mapa: CENAP – ICMBio.

 

Apesar de também habitarem ambientes florestados, esses felinos têm preferência por habitats mais abertos, com vegetação do tipo savana e campestre, onde se camuflam. 

A sua densidade populacional é baixa, estando concentrados em áreas preservadas, principalmente Unidades de Conservação. Algumas das áreas protegidas onde eles já foram avistados e você pode ter a chance de encontrá-los são: 

 

  • Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros;
  • Parque Nacional das Emas;
  • Parque Nacional da Chapada dos Guimarães;
  • Parque Nacional da Serra da Canastra
  • Parque Nacional da Serra do Bodoquena 
  • Parque Nacional da Ilha Grande 
  • Parque Nacional Grande Sertão Veredas 
  • Parque Nacional Cavernas do Peruaçu 
  • Parque Estadual do Mirador
  • Reserva Particular do Patrimônio Natural Porto Cajueiro 
  • Estação Ecológica da Serra das Araras

 

Embora a chance de você avistar esse felino seja maior em ambientes protegidos, nada te impede de ter a sorte grande de vê-lo despretensiosamente pelas beiradas de estradas, como o biofacer Gustavo Gaspari teve! Mais do que isso, o indivíduo avistado era melânico: verdadeira mega-sena.

 

Registro feito em Araçatuba, SP. Foto: Gustavo Gaspari  – Biofaces.

 

Caso você também consiga registrar esses felinos raros, não esqueça de compartilhar conosco em nossa plataforma!

 

Texto escrito por Jéssica Amaral Lara

Revisado por: Juliana Cuoco Badari

1 Comment

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Wando Diasreply
18 de dezembro de 2022 at 23:56

Que legal, achei a matéria e por acaso sou de Araçatuba SP! Curti o blog parabéns 😁

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