Dia do Tamanduá – conheça mais sobre eles
Hoje, dia 19 de novembro, é comemorado o Dia do Tamanduá. A data foi criada em 2014 por organizações não governamentais que atuam na conservação destes animais, o Instituto Tamanduá e o Instituto Jurumi. É um evento anual para renovar a nossa consciência em relação aos tamanduás e os desafios que as suas espécies enfrentam para sobreviver na natureza.
Que tal aproveitar o dia para descobrir mais sobre os tamanduás? Todo mês o Biofaces traz um post novo sobre animais fantásticos que habitam o Brasil e o mundo, e hoje trazemos várias curiosidades sobre esses bichos tão peculiares. Vem conferir!
Os tamanduás
Com uma extensa área de ocorrência, os tamanduás podem ser encontrados em grande parte da região neotropical, onde estão a América do Sul e Central. Apesar da grande distribuição, os tamanduás sofrem pressões para a sobrevivência, já sendo considerados extintos em algumas áreas que habitavam.
Pertencem a um grupo chamado Xenarthra, que, além dos tamanduás, também engloba os tatus e as preguiças. Com cerca de 60 milhões de anos, esse grupo possui uma história evolutiva única. Atualmente, são descritas 10 espécies de tamanduás no mundo que, apesar de terem suas particularidades, compartilham muitas características.
Considerados especialistas em sua alimentação, os tamanduás são considerados mirmecófagos, dando preferência por insetos sociais em sua dieta, como formigas e cupins. Com audição e visão reduzidas, os tamanduás usam seu olfato desenvolvido, que pode ser 40 vezes mais poderoso que o humano, na busca pelos insetos.
Suas garras longas e afiadas, além de ajudar na defesa contra predadores, são ideais para a abertura de cupinzeiros e formigueiros. Sua língua fina e comprida, com glândulas salivares que produzem uma saliva viscosa e aderente, é essencial para a captura de alimento.
Com essa dieta de baixa caloria, o metabolismo e temperatura corporal dos tamanduás acabam sendo mais baixos, quando comparados a outros mamíferos. Por este motivo, são animais mais lentos, com um gasto de energia baixo.
De modo geral, os tamanduás são animais de grande importância ecológica, atuando na renovação e no controle populacional de insetos, como habitat para outros organismos, além de fazerem parte da dieta de alguns predadores.
Além das características partilhadas, existem aspectos que fazem cada espécie única, vamos conhecer um pouco mais sobre elas?
Tamanduá-bandeira
O tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) é a maior espécie de tamanduá, com tamanho de cerca de 2 metros e 40 kg, sendo os machos geralmente maiores que as fêmeas. Seu nome popular vem da sua cauda longa e peluda, que lembra uma bandeira hasteada.
São terrestres, mas também são bons nadadores, sendo capazes de atravessar rios com facilidade. São mais ativos ao fim do dia, mas esses hábitos podem variar, sendo ativos durante todo o dia em dias mais frios ou somente à noite em ambientes com presença de humanos. É comum também encontrar tamanduás-bandeira dormindo em cavidades rasas cavadas no solo. Eles colocam a cauda sobre o corpo, que funciona como isolante térmico e também como camuflagem.
Em cativeiro, já houveram registros de indivíduos que chegaram a mais de 30 anos de idade. Em vida livre, essa estimativa ainda é incerta. São animais solitários, exceto no período reprodutivo e quando a fêmea está com o filhote. A gestação desses animais dura em média 190 dias, normalmente dando à luz a apenas um filhote. É extremamente raro a ocorrência de mais de um filhote, mas a nossa comunidade foi agraciada com um registro fantástico: uma mãe com dois filhotes de diferentes tamanhos nas costas, feito pelo biofacer Leonardo Avelino Duarte.
Os filhotes vivem nas costas das mães durante meses, camuflados. O padrão de cores nos pelos das costas da mãe se encontra com o padrão do filho, disfarçando o filhote e protegendo de predadores. A mãe pode chegar a carregar o filhote por até 9 meses, mas é só após cerca de um ano, quando o filhote atinge a independência, que ele se separa totalmente da mãe. Apesar disso, os indivíduos só se tornam complemente maduros, atingindo a maturidade sexual entre os 2,5 e 4 anos de idade.
Essa dedicação à prole, com maturidade tardia e cuidado parental extenso, normalmente dando origem a apenas um indivíduo, são fatores que agravam o risco de extinção da espécie.
Tamanduá-mirim
O tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla) é uma espécie com hábitos escansoriais, ou seja, adaptada tanto ao meio terrestre quanto ao arborícola. Diferente do tamanduá-bandeira, a cauda do tamanduá-mirim é preênsil, auxiliando em suas escaladas.
Medindo cerca de 60 cm, com peso de em média 7 kg, o tamanduá-mirim tem uma pelagem que varia de cor de acordo com a sua distribuição geográfica. Apesar disso, a presença de um padrão mais escuro, que lembra um colete, pode ser difícil de distinguir muito bem mas é inevitável, e até rendeu à espécie o nome popular de tamanduá-de-colete.
De mais difícil observação, o tamanduá-mirim têm hábitos diurnos, mas pode apresentar comportamentos noturnos em áreas com presença humana. Quando ameaçado, o tamanduá-mirim se senta sobre os membros traseiros e assume uma posição ereta, abrindo os membros anteriores em forma de cruz. Dessa forma, parecem maiores e intimidam sua ameaça.
Os tamanduás-mirins podem ter até duas gestações por ano, dando à luz um filhote por vez. Essa gestação dura entre 130 a 150 dias, com cuidado parental da mãe por mais 6 a 9 meses.
Parecido com o tamanduá-mirim, existe o tamanduá-mexicana (Tamandua mexicana), que ocorre na América Central e do Norte! Embora não ocorra no Brasil, temos alguns registros da espécie em nossa plataforma, como esse daqui:
Tamanduaí
O tamanduaí (Cyclopes sp.) é o menor dos tamanduás. Com cerca de 35 cm e 400 gramas quando adulto, o tamanduaí recebe o apelido de “tamanduá fantasma”. Isso porque, como se não bastasse seu tamanho diminuto, o animal também tem hábitos noturnos, vive em topos de árvores e, diferente dos outros tamanduás, não vocaliza.
Por esse motivo, esses animais passaram por anos sendo classificados como uma única espécie, até recentemente serem descritas seis delas.
Os tamanduaís possuem garras para auxiliar na alimentação, na locomoção através do estrato arbóreo e como forma de defesa. A cauda é preênsil, assim como a do tamanduá-mirim. Sua coloração também varia regionalmente, do dourado a um cinza prateado, de acordo com sua distribuição geográfica.
Quando ameaçado, o tamanduaí assume uma posição defensiva, erguendo-se sob suas patas posteriores apoiadas, e enrolando sua cauda seguramente ao mesmo apoio, formando uma espécie de tripé. Os membros anteriores ficam próximos à face, como nesse registro incrível feito pelo biofacer Christopher Borges.
Diferente das outras espécies, os tamanduaís têm cuidado parental com o auxílio do macho. Sua gestação dura cerca entre 120 e 150 dias, nascendo um filhote por vez.
E então, tem forma melhor de celebrar esses animais do que os conhecendo um pouco melhor e entendendo a importância de preservá-los? Não deixe de compartilhar com outras pessoas!
Texto por Lidiane Nishimoto
Revisado por Jéssica Amaral Lara