Dia Mundial dos Sapos alerta para a conservação dos importantes agentes biológicos

Hoje é comemorado o Dia Mundial dos Sapos! A data nasceu com a finalidade de proteger e conservar todas as espécies de sapos do mundo (que não são poucas). Infelizmente, o animal sofre diversas ameaças ambientais e boa parte das espécies corre risco de extinção. Por isso a importância de uma data para promover sua conservação. 

Antes de mais nada, aqui vai uma curiosidade: ao contrário do que muitos pensam, as rãs e pererecas não são as fêmeas dos sapos! Existe sapo macho e sapo fêmea, rã macho e rã fêmea, assim como perereca macho e perereca fêmea. Algumas características físicas e comportamentos distinguem uma espécie da outra. 

Sapo-garimpeiro (Dendrobates tinctorius) | Foto: Wirley Santos/Biofaces

Agora, confira ótimos motivos para incentivar a proteção desses seres tão relevantes à natureza. 

 

Importante papel ecológico

Os sapos são anfíbios, ou seja, são capazes de viver em ambiente terrestre na fase adulta, mas dependem da água para a reprodução*. Existem espécies que vivem em lagoas, espécies de árvores e, em alguns casos, de superfícies secas (desde que, em alguma época, o ambiente tenha água suficiente para os girinos se criarem). Por conta dessa versatilidade, os animais são eficientes bioindicadores de saúde dos ecossistemas em que habitam. 

Os sapos “são altamente sensíveis às alterações do ambiente. Por depender de ambientes aquáticos e terrestres em bom estado de conservação, qualquer alteração na qualidade da água e na temperatura pode extinguir espécies. Então, quando eles começam a desaparecer, algum dano ao ambiente pode estar acontecendo”, afirma Adelina Ferreira, doutora de biologia que trabalha com a reprodução dos anuros e professora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

Sapo-corredor (Epidalea calamita) | Foto: Nuno Xavier Moreira/Biofaces

Além disso, os animais ainda atuam como importantes combatentes de pragas. As espécies se alimentam de mosquitos, moscas, insetos e são seus predadores naturais mais eficazes. Dessa forma, auxiliam no controle da disseminação de doenças humanas que são problema de saúde pública, como a dengue, o chikunguya, o zika, febre amarela e outras enfermidades tropicais epidêmicas. 

*Apesar de ser o modo de reprodução mais comum, nem todas as espécies de sapos seguem esse padrão aquático. 

 

Produtores de substâncias poderosas 

Sapos, rãs e pererecas pertencem à ordem dos anuros, que apresentam substâncias em sua pele com funções de proteção. Essas substâncias podem ser usadas como analgésicos, cicatrizantes e fungicidas no combate de muitas doenças humanas.  “Os anuros não tem garras nem dentes poderosos, por isso eles usam a secreção para se proteger de fungos, bactérias, protozoários e de predadores maiores. São diversas espécies com compostos químicos muito variados, visados para estudos de substâncias novas que possam servir para várias utilidades”, aponta Marcos André de Carvalho, doutor em zoologia e professor da UFMT.

Sapo-ferreiro (Hypsiboas faber) | Foto: Fulvia Rodrigues/Biofaces

Esses animais são laboratórios vivos que a natureza nos dá. Mas laboratórios que precisam ser protegidos e estudados de forma correta! “Os cientistas extraem essas substâncias, estudam seus componentes e depois passam a sintetizá-las para a produção de medicamentos. Eles não ficam extraindo da natureza. Então, teoricamente, não causam problema à conservação dos bichos. Mas se qualquer pessoa quiser pegar os sapos e utilizar suas substâncias desenfreadamente, estará fazendo de maneira errada e prejudicando as espécies.”, explica Matheus Moroti, mestre em Biologia Animal e pesquisador da ONG Projeto Dacnis. 

 

Conheça algumas espécies curiosas

 

Foto: Rafael Tanaka (Projeto Dacnis)/Biofaces

Nome: Perereca-Marsupial 

Nome científico: Gastrotheca albolineata

Distribuição: Brasil (São Paulo/Espírito Santo/Rio de Janeiro) 

Status de Conservação: Pouco preocupante (LC) 

Curiosidade: A perereca carrega os ovos dentro de uma “bolsa” em suas costas. Depois ela dá à luz e os filhotes vão saindo da bolsinha.

 

Foto: Wikicommons

Nome popular: Sapo-pipa

Nome científico: Pipa pipa 

Distribuição: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Guiana, Peru, Suriname, Trinidad e Tobago e Venezuela.

Status de Conservação: Pouco preocupante (LC) 

Curiosidade: Espécie aquática bastante diferente. É fisicamente achatada (parecendo uma pipa), se reproduz na água e também carrega os filhotes nas costas.

 

Foto: Matheus Moroti (Projeto Dacnis)

Nome: Sapo-de-chifres

Nome científico: Proceratophrys itamari 

Distribuição: Brasil (São Paulo e Minas Gerais) 

Status de Conservação: Desconhecido 

Curiosidade: Esses sapos são o exemplo perfeito de mecanismo defensivo primário, ou seja, que não dependem da presença de um predador. Com sua coloração críptica (semelhante ao substrato onde vivem), os anfíbios se camuflam e diminuem as chances de virarem jantar dos predadores. 

 

Foto: Edson Roberto/Biofaces

Nome: Sapo-flamenguinho 

Nome científico: Melanophryniscus moreirae 

Distribuição: Brasil (Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo) 

Status de conservação: Quase ameaçado (NT)

Curiosidade: O animal vive nas alturas. Então, possui o hábito de se enterrar para fugir do frio!  

 

Foto: Wikicommons

Nome: Sapo-paradoxal

Nome científico: Pseudis paradoxa

Distribuição: Brasil, Suriname e Trinidad e Tobago. 

Status de conservação: Pouco preocupante (LC) 

Curiosidade: Ele inicia o ciclo de vida como um girino de aproximadamente 25 cm de comprimento e diminui à medida que cresce. Termina como um pequeno sapo tropical, com cerca de um quarto do tamanho original. 

 

O universo dos sapos, rãs e pererecas é realmente surpreendente! Além de atuar como importantes agentes biológicos, os animais ainda ajudam os seres humanos. Então faça seu papel de cientista cidadão. Registre todos os anfíbios que encontrar pelo caminho e publique no Biofaces, ajude na conservação das espécies! 

 

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