Animais Fantásticos e Onde Habitam: 6 principais fotógrafos de espécies endêmicas do Biofaces

Todo mês um post novo trazendo os melhores lugares para observar os animais fantásticos que habitam o Brasil e o mundo. Em homenagem ao Dia Nacional da Fotografia, comemorado no dia 08/01, trazemos essa edição especial, apresentando os 6 principais fotógrafos da plataforma que registraram em seus cliques as espécies endêmicas do Brasil e do mundo. 

O Biofaces é o maior banco de dados de invertebrados, répteis, mamíferos e anfíbios do Brasil, atuando na ciência cidadã e incentivando fotógrafos a procurar e tirar fotos de cada vez mais espécies, atualmente existem 18.446 espécies cadastradas. 

Fica com a gente, que o blog de hoje está especial!

 

Anfíbios

Para começar, o biofacer que fotografou mais espécies endêmicas de anfíbios do Brasil foi o Thiago Silva-Soares.

Atualmente, existem 701 de anfíbios registrados na plataforma, e somente o Thiago cadastrou mais de 139 espécies!

Dessas, cerca de 87 são endêmicas do país e algumas, infelizmente, estão bastante ameaçadas de extinção. Dentre os registros, o biólogo fotografou o Sapinho do rio (Allobates olfersioides), e o Sapinho-do-rio-mutum (Dasypops schirchi), que se encontram como Vulneráveis; o sapinho da espécie Dendrophryniscus carvalhoi, que está Ameaçada de Extinção; e a perereca Ololygon belloni, também Ameaçada de Extinção. Além dessas, o biofacer registrou muitas outras.

 

Perereca (Ololygon belloni) ameaçada de extinção / Foto: Thiago Silva-Soares – Biofaces.

 

O Thiago descreveu, detalhadamente, o seu encontro com a espécie que mais o emocionou: 

“De todas as espécies de anfíbios endêmicas que eu já fotografei, a que eu considero mais especial é o sapinho-da-restinga (Melanophryniscus setiba). Ele é todo especial! Mal dá para acreditar que é um habitante de restinga. Mas é, e ocorre exclusivamente na restinga do Parque Estadual Paulo César Vinha, Guarapari, Espírito Santo. 

Quando encontrei o primeiro indivíduo, em 2006, biólogo recém-formado, o M. setiba nem era descrito! Fiquei literalmente com uma ‘pulga atrás da orelha’ com esse sapinho que é quase uma pulga. Na época, inclusive, eu nem tinha minha própria máquina fotográfica, logo, o registro que temos é de um amigo botânico. Apenas recentemente, em 2021, tive o prazer de reencontrá-lo e fotografá-lo!

Ele é altamente ameaçado de extinção e está na categoria de Criticamente em Perigo de acordo com a recém publicada lista estadual de espécies ameaçadas. Para piorar a situação, recentemente, em setembro de 2022, a Unidade de Conservação que ele habita, seu último refúgio, pegou fogo por um incêndio criminoso. Essa inocência de proporções catastróficas pode ter reduzido drasticamente sua população, a qual já será de baixíssima densidade. É uma espécie rara e, hoje, pode estar de fato beirando a extinção.

Foi tão prazeroso encontrá-lo e fotografá-lo, e tamanha era a raridade do seu encontro, que até tornei-o uma ator e fiz um documentário sobre ele!”

 

Uma das espécies mais ameaçadas do mundo: Sapinho-da-restinga (Melanophryniscus setiba) / Foto: Thiago Silva-Soares – Biofaces.

 

Aves 

Outro biofacer que fotografou mais espécies endêmicas, desta vez de aves, foi o João Quental

Na plataforma, existem mais de 4.280 espécies de aves do mundo. Ele conseguiu registrar 1.908 espécies, destas, aproximadamente 93 espécies endêmicas do Brasil, totalizando 164 espécies endêmicas no mundo. Incrível, não é?! 

Algumas das registradas por ele estão muito ameaçadas de extinção, dentre elas, podemos citar a corujinha-de-serendib (Otus thilohoffmanni), ocorrendo somente no Sri Lanka, classificada como Ameaçada de Extinção; a saíra-apunhalada (Nemosia rourei), endêmica brasileira, estando Criticamente Ameaçada; o papa-moscas-azul-escuro (Eumyias sordidus), também endêmica do Sri Lanka e está Quase Ameaçada; o entufado-baiano (Merulaxis stresemanni), que ocorre somente no Brasil e que está Criticamente Ameaçada.

 

Entufado-baiano (Merulaxis stresemanni) / Foto: João Quental – Biofaces.

 

Conversamos com o João para saber qual espécie o deixou maravilhado, e ele nos disse:  

“Várias endêmicas foram bacanas, mas acho que dá para dizer que a arara-azul-de-lear foi bem especial. Não só porque tem uma história incrível de “redescoberta”, mas também pela beleza da ave e pelo ambiente. É fabuloso ver essas araras naqueles cânions de arenito avermelhado. Não sei como essa não é uma atração famosa para qualquer pessoa que goste de natureza.”

 

Arara-azul-de-Lear (Anodorhynchus leari) / Foto: João Quental – Biofaces.

 

Mamíferos

Os mamíferos não podiam ficar de fora dessa, pois somente no Biofaces estão cadastradas 937 espécies e o Fred Crema registrou 150, sendo 19 espécies brasileiras, contabilizando 22 espécies endêmicas no mundo.

Muitos registros de primatas brasileiros, que estão em risco de extinção, como por exemplo, o macaco-prego-de-kaapori (Cebus kaapori), que está Criticamente em Perigo, o sagui-de-orelha-nua-branco (Mico leucippe) e o Sagui-de-rondônia (Mico rondoni), ambas Vulneráveis, o guariba-de-mãos-vermelhas (Alouatta ululata), e o Cuxiú-de-nariz-branco (Chiropotes albinasus), que estão Ameaçadas de Extinção, além de uma grande quantidade de outras espécies. 

 

Sagui-de-orelha-nua-branco (Mico leucippe) / Foto: Fred Crema – Biofaces.

 

O Fred contou que: “Um dos mamíferos que mais me emocionei a fotografar foi o Mico Leão Dourado, um ícone de minha infância e juventude, aonde a espécie estava fadada a desaparecer com apenas 180 indivíduos, na época se falava muito, virou desenho na nota de 20 reais. Muitos anos depois conduzindo um grupo de passarinheiros, tivemos a oportunidade de encontrar com um bando com cerca de 14 indivíduos, confesso que chorei de emoção de ver aquele animal tão perto e se regenerando, na época que observei se acreditava no numero de 3800 indivíduos vivendo nas matas atlânticas cariocas. Muita emoção =)”

 

Mico Leão Dourado (Leontopithecus rosalia) / Foto: Fred Crema – Biofaces.

 

Peixes

O Leonardo Merçon foi o nosso biofacer que mais registrou espécies endêmicas de peixes. Ele já fotografou mais de 163 espécies, sendo 10 endêmicas do Brasil e 1 dos Estados Unidos. Em nosso banco, temos cerca de 826 espécies cadastradas

Destas espécies, poucas estão em risco de extinção ou não se tem dados suficientes para determinar, como por exemplo, o canivete (Characidium timbuiense) – uma espécie que não teve seu estado de conservação avaliado; o peixe-barbeiro (Acanthurus bahianus), com pouca preocupação; o cascudo-laje (Delturus carinotus) -também não avaliado; o gramma brasileiro (Gramma brasiliensis) – também não avaliado; e o budião-azul (Scarus trispinosus), o qual está ameaçado de extinção. 

 

Canivete (Characidium timbuiense) / Foto: Leonardo Merçon – Biofaces.

 

O Leo descreveu para nós que as espécies que o mais deixou encantado foram: Os Bodiões

“Sou apaixonado por eles! É uma maravilha quando os encontramos nadando  tranquilamente no mar… a presença deles, pra mim, representa que o local é bem preservado e que tem muita vida!

Uma boa história é a felicidade que fiquei em ver um casal deles, adultos, na minha cidade Natal! Só não deu pra ver a lágrima de felicidade porque eu estava dentro d’água! 

Minha especialidade é registrar a floresta, mas o mundo submarino me atrai de uma forma especial também. Quanto mais eu conheço sobre esse mundo à parte, mais me interesso por ele.”  disse o biofacer.

 

Bodião-vermelho (Scarus zelindae) e Coral-cérebro-de-Abrolhos (Mussismilia braziliensis) endêmicos do Brasil / Foto: Leonardo Merçon – Biofaces.

 

Répteis

Os répteis despertam a curiosidade dos biofacers e seus registros já somam 775 espécies cadastradas na nossa plataforma.Willianilson Pessoa, é um apaixonado pelo grupo e já registrou 114 espécies, das quais cerca de 39 só ocorrem no Brasil.

Muitas espécies registradas por ele foram pouco fotografadas, e algumas estão em risco de extinção, como é o caso do lagarto-escrivão (Calyptommatus confusionibus). Ele também registrou a belíssima jararaca de rabo branco (Bothrops leucurus), espécie que não está ameaçada; a  cobra-cipó diamantina (Chironius diamantina) e o lagarto-laranja (Cnemidophorus confusionibus), ambas ainda não avaliadas.  

 

Lagarto-laranja (Cnemidophorus confusionibus) / Foto: Willianilson Pessoa – Biofaces.

 

Dentre os répteis clicados pelo biofacer, Willianilson nos deu seu relato sobre a espécie que mais o marcou: “sem dúvidas, a espécie endêmica que mais achei incrível encontrar e fotografar foi a jararaca de murici (Bothrops muriciensis). Uma espécie rara e maravilhosa, de localidade bem restrita, ocorrendo apenas na ESEC Murici em Alagoas!”.

Que encontro, não é?!

 

Jararaca de murici (Bothrops muriciensis) / Foto: Willianilson Pessoa – Biofaces.

 

Invertebrados

Por fim, no Biofaces estão cadastradas 10.902 espécies de invertebrados, a maior quantidade de espécies em nosso site! Dessas, 4.399 foram registradas pelo Diogo Luiz , onde cerca de 41 são endêmicas de regiões do Brasil e de diferentes lugares do mundo.

Felizmente, poucas espécies das registradas por ele estão em risco de extinção, porém a maioria se encontra como Não Avaliada.

Dentre elas, podemos citar algumas borboletas como a Adelpha calliphane,  cluena (Archeuptychia cluena) e creusa (Dasyophthalma creusa), o camarão de água doce (Macrobrachium iheringi), a aranha brasileira (Architis brasiliensis), e o aruá-do-mato (Megalobulimus lopesi), estando este último classificado como Ameaçada de Extinção, entre muitas outras. 

 

Aruá-do-mato (Megalobulimus lopesi) / Foto: Diogo Luiz – Biofaces.

 

A Fotografia

Ao observar tantos registros de vida selvagem, imaginamos todos os momentos dos fotógrafos para chegar a foto publicada, não é!? 

A fotografia é uma profissão linda, ela nos leva a lugares esplêndidos e relembra momentos únicos de nossa existência. Além disso, é uma arte que permite a comunicação e transmite sensações diferentes para cada pessoa, abrindo espaços para emoção e conexão. É uma das formas de expressão de tudo o que cada fotógrafo já vivenciou.

Por isso, queremos parabenizar a todos os fotógrafos, tanto profissionais quanto entusiastas, principalmente daqui da plataforma… Pois vocês ajudam e muito a ciência! 

 

Texto por: Giovanna Leite Batistão

Revisado por: Juliana Cuoco Badari

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