Parques do Mundo: conheça o Parque Nacional Gunung Leuser na Indonésia

Todo mês, o Biofaces aborda um Parque Nacional do mundo, ambientes singulares, ricos em biodiversidade e logo, ótimos para fotografar a vida selvagem. Neste mês, iremos falar sobre um parque muito especial, o Parque Nacional de Gunung Leuser, localizado no norte da ilha de Sumatra, na Indonésia. 

Gunung Leuser contempla a terceira maior floresta tropical do planeta e protege diversas espécies ameaçadas, como o orangotango. Este texto, inclusive, será em sua homenagem, pois hoje, dia 19/08, é o dia deste primata maravilhoso. 

A área é um ótimo lugar para boas fotografias e um de nossos Biofacers, Gustavo Figueirôa, já esteve por lá. Vamos  contar um pouquinho de sua experiência também, fica ligado!

 

O Parque Nacional Gunung Leuser

O nome vem de uma das montanhas mais altas da província de Aceh, na ilha de Sumatra, o Monte Leuser presente dentro do Parque e que possui 3.404 metros de altitude. 

Com 7.927 km2 de área preservada, o Parque foi fundado em 1980 para preservar um dos ecossistemas de maior biodiversidade, o ecossistema da floresta tropical de Leuser. Em 2004, tornou-se Patrimônio Natural pela UNESCO por ser uma reserva da biosfera. 

Porém, em 2011, a reserva entrou para a lista de patrimônios mundiais considerados em perigo, por conta da monocultura ilegal de palmeiras para extração do óleo de palma, exploração de madeira, entre tantos outros.

 

Parque Nacional Gunung Leuser – Sumatra / Foto: Justin e Andreea Lotak

 

O enorme ecossistema dessa floresta tropical conta com diversos rios, lagos e vulcões, inclusive um dos maiores vulcões ativos do mundo, o Monte Sinabung. 

A grande abundância de biodiversidade do Parque provém de seu solo fértil, ocasionado pelo vulcão ativo presente, que por milhares de anos, cobriu a selva com cinzas vulcânicas, que serviram e servem como fertilizantes, pois são repletas de minerais e nutrientes.

 

Um dos rios que percorre por Gunung Leuser / Foto: Gustavo Figueirôa

Um ambiente onde a vida pulsa 

É o único lugar do mundo onde ainda existem orangotangos (Pongo abelii), elefantes (Elephas maximus sumatrensis), tigres (Panthera tigris sumatrae) e rinocerontes (Dicerorhinus sumatrensis) coexistindo na natureza.

 

Elefante-de-Sumatra filhote / Foto: Paul Hilton

 

Além disso, é um lugar com uma riqueza de biodiversidade absurda, apresentando cerca de 750 espécies diferentes de animais, como o calau rinoceronte (Buceros rhinoceros), langur de Thomas (Presbytis thomasi), Siamang, sendo esta, a maior espécie de gibão (Symphalangus syndactylus), além de habitar algumas espécies das aves mais icônicas do mundo, as aves-do-paraíso.

 

Langur de Thomas (Presbytis thomasi) / Foto: New England Primate Conservancy

 

Existem, no Parque hoje, cerca de 200 espécies de mamíferos, 380 de aves, 95 de répteis e anfíbios, como o lagarto de crista verde (Bronchocela cristatella), o sapo gigante asiático (Phrynoidis aspera) e muito mais.

 

Siamang (Symphalangus syndactylus) / Foto: Kevin Schofield

 

Fora os diversos animais invertebrados, como borboletas, mariposas, caramujos, cigarras gigantes, entre muitos outros.

 

Mariposa (Dysphania militaris) / Foto: Edward Evans

 

Ainda conta com mais de 10.000 espécies de plantas diferentes, como por exemplo, a flor-cadáver, uma das maiores flores do mundo, além do durião, figueiras e muitas outras espécies.

 

Flor-cadáver (Amorphophallus titanum) / Foto: Instituto Butantan

 

Por isso, o Parque é um ótimo lugar para contemplar a belíssima floresta e fotografar a vida selvagem

 

Orangotango e o Ecoturismo

Neste Dia dos Orangotangos, não podíamos deixar de contar sobre a experiência incrível que o nosso biofacer, Gustavo Figueirôa, teve quando realizou sua viagem até o Parque Nacional Gunung Leuser para observar estes primatas ameaçados. 

Os orangotangos são primatas que possuem hábitos arborícolas, com aparência muito característica – apresentam pelos de cor avermelhada e não possuem cauda.

 

Orangotango-de-Sumatra (Pongo abelii) / Foto: Gustavo Figueirôa – Biofaces

 

O Gustavo é biólogo e começou sua procura aos orangotangos em centros de reabilitação. Logo descobriu que realizavam a reintrodução destes animais dentro do Parque Gunung Leuser… E assim começou sua viagem.

Fechou com uma agência que realizava estes passeios e então, foi até o Parque, com guias especializados, onde ficou por 3 dias intensos dentro da mata acampando, sendo este um tempo ideal para realizar a busca pelos animais. 

 

Filhote do Orangotango-de-Sumatra (Pongo abelii) / Foto: Gustavo Figueirôa – Biofaces

 

Gustavo conta que logo em seu primeiro dia já avistaram esses gigantes se alimentando nas árvores. Mas, que o segundo dia prometeu uma aventura ainda maior: uma das maiores de sua vida (e do grupo que o acompanhava). Segundo ele, as trilhas eram estreitas e únicas devido a floresta densa que os cercava, e enquanto estavam realizando a trilha, avistaram uma mãe amamentando seu filhote.

 

Mãe amamentando seu filhote / Foto: Gustavo Figueirôa – Biofaces

 

Quando, de repente, a mãe colocou seu filhote nas costas e começou a ir atrás do grupo. Os guias pediram ao grupo para correr e assim fizeram por uns 30 minutos, até que os orangotangos os alcançaram, para pegar a comida que estava com eles. Finalmente, encontraram um riacho que fez os orangotangos dispersarem, levando metade da comida deles.  

Obviamente, em hipótese alguma, se deve alimentar estes animais por livre e espontânea vontade. Este foi um caso peculiar, e pelo fato de serem animais fortes e selvagens, o grupo não teve outra escolha.

O biólogo contou que este não é um passeio fácil, pois é uma experiência completamente imersiva na floresta e que podem ocorrer imprevistos, como esse ou acidentes, por isso pense bem antes de fazer.

Mas se você se sente à vontade com a experiência, ama estar na natureza e fotografar, passar alguns dias dentro do Parque com certeza deve entrar na sua lista.  

Os orangotangos e outros animais presentes em Gunung Leuser estão muito ameaçados e o turismo faz com que mais pessoas conheçam e se sensibilizem com a fauna local, aumentando ainda mais, a sua vontade de ajudar na conservação – e os orangotangos dependem disso!

 

Orangotango de vida livre / Foto: Donal Boyd

Como chegar?

Ao sair do Brasil, a primeira parada é feita em Bali. Em seguida é necessário pegar mais um vôo até Medan, capital da província do norte da ilha de Sumatra, e após pegar um carro e ir em direção ao vilarejo, próximo ao Parque, trajeto que dura em torno de 5 horas. Por fim  é necessário caminhar mais 30 minutos até chegar na vila.

 

Localização do Parque Nacional / Foto: Google Maps

 

E aí, teriam coragem de se aventurar nas florestas tropicais de Sumatra? Se sim, não esquece, quando voltar compartilha seus registros na plataforma!

 

Texto por: Giovanna Leite

Revisado por: Jéssica Amaral Lara

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